SIMPLICIDADE
formato: ABCBDDB
Quem mora no castelo
Da simplicidade da vida
Habita um mausoléu etéreo
De pureza inabatida
É blindado das tentações
Por desfrutar das atrações
Na sua simples vida.
Quem livra-se da ostentação
E abraça a simplicidade
Troca o errado pelo certo
O impuro pela puridade
Vive em paz sem sofrer
Após do fútil se abster
No ceio da felicidade.
Quem aprecia a simplicidade
Vive no ápice da existência
Nem o dinheiro o distância
Da virtuosa benevolência
Vai às ruas sem dinheiro
E volta de espírito cheio
Com expandida consciência.
A simplicidade do ser humano
Está no ato da contemplação
Captar a síntese do momento
Usando a câmera do coração
O simples sente o rio da vida
Vive no agora sem recaída
E vai além da limitação.
Passar a tarde no parque;
Ver o riso de uma criança;
Assistir ao nascer do sol;
viajar por uma lembrança;
Passear pela rua;
Ver a luz da lua;
Conhecer a vizinhança.
Filosofar no banco da praça;
Passar a tarde lendo um livro;
Dar uma volta de bike;
Pescar um belo liro;
Abraçar um familiar;
O corpo se exercitar;
Pelo bairro fazer um giro.
Viajar sem nenhum tustão;
Trocar ideia cum mendigo;
Deitar dentro d’uma rede;
Do sol poente ser testigo;
Tomar banho de chuva;
Sentar embaixo da peúva;
Conversar com z’amigo.
Tomar um banho no rio;
Caçar de estilingue;
Passear pela floresta;
Andar nos campos pingue;
Ver o desabrochar da flor;
Da comida sentir o sabor;
Ver a luz do matrindingue.
Tudo isso são momentos
Ofertado pela simplicidade
Se contentar com pouco
É ser feliz na simplicidade
O simples vira abundância
preenchendo com iluminância
quem aprecia a imensidade.
Esses momentos da existência
Não há dinheiro que barganha
Pois supera o espaço e tempo
Quando vivido com façanha
Grava na memória como tatuagem
No formato de uma linda imagem
Só quem o vive que a ganha.
Santo André, 22 de Novembro de 2019