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JOSÉ DO EGITO



Era só um bom garoto
simplório tão sem maldade,
Filho de Jacó tão amado,
Sonhava com a verdade.
Contas era bem letrado
Era pelo seu pai mandado,
Vigiar toda irmandade.

Irmãos não amavam José
Tinha até explicação,
Jacó não facilitava,
Na safadeza era cão,
Duas esposas amava,
Concumbinas segurava
Na beirada do colchão.

Antes do moço José
Falo do papai Jacó,
Era belo lavrador
Plantação era o seu xodó.
Irmão Esaú caçador,
Bem peludo e gozador,
Jacó diz vou dar um nó.

Só que o moço cabeludo,
Foi dos dois, o abençoado,
Gêmeo, quando foi nascer,
Esperto e bem escolado,
Fez jeito de merecer
Foi o primeiro aparecer
Deixou Jacó enrolado.

O Isaque pai dos rebentos
A mãe velha pra dedéu,
Pai de Isaque era Abraão,
Quiz mandálo para o céu,
O chefe testou o velhão
Imole seu garotão
Quase foi pro beleléu.

Isaque bom caçador,
E gostava de Esaú,
Mas Jacó era lizinho
Mãe faz um bilú bilú,
Diz vamos trolar velhinho,
Roubar benção do maninho.
E empelotar este angu.

Jacó nem tava querendo
Mas a mãe dele era a peste,
Mata cabra, o couro cru
Fez luvas disse vai veste,
Pai aceita como Esaú.
E toma no gabiru,
Com assado velho enterte,

Isaque vive chapado
Enchia o rabo de vinho.
Cego cismou do garoto,
Coitado idoso fraquinho
Nem podia dar arroto,
Foi logrado por maroto,
Tascou benção a Jacozinho.

Esaú ficou sabendo
Quis pegar Jacó de jeito
Foi pra terra de Labão,
Viu Raquel amor perfeito.
Deu sete anos pro patrão,
Pelo amor do coração
O sogro enrolou o sujeito.

Deu cachaça para o noivo
Que chamou cruz de mastruz,
Entrando na tenda escura
Na lei do você seduz,
Como tava na secura
Meteu seu pau na figura
Sapecou Lia sem luz.

Desperta da lua e mel,
Já pronta a semvergonhice.
Chora com sogro cruel
Sogro riu da burrice.
Rale mais sete bedel
Você casa com a raquel
Jacó topou a babaquice.

Acho que foi é bem sábio
Sete anos até aposto,
Come Raquel nas quebradas,
Engana que eu Miro gosto.
Com as duas bem casadas,
Tesa dama com criadas,
Se chegar outras eu encosto.

Rico roubando Labão
Jacó descobre boa treta,
Deus manda Jacó roubar
Varas foi coisa bem feita,
Preto e branco vai pintar,
Cabras vão bebericar,
Filhos nasce branco e preta.

Labão fez belo contrato
Pensando o genro enganar,
Vê rebanho que pastava
Manchado pode ficar
Viu que o genro enricava,
Lhe diz suma e até urrava.
Que é seu pode levar.

Jacó voltou pra sua terra
Rico com escravo e gado,
Encontra com Esaú irmão
Os dois viam sangue jorrado,
Pra que briga e confusão?
Divido o gado patrão.
As damas, tudo acertado.

Então ficou sossegado
Doze filhos de Jacó,
Só com carne de cabrito
Pelos brancos fiofó,
Já nem tinha faniquito,
Vem caso José Egito,
Vendido pro Faraó.

Os filhos do patriarca,
Isalcar Aser, Raquel,
Rubem, Levi e Judá marca,
Dã, Naftali e Gade o mel
Zebulon chefe de oleiros
José, Benjamin finzeiro,
Pais das tribos Israel.

José menino prendado,
O xodó do papai Isaque,
Papai neste tempo ativo
Fez túnica de destaque,
Irmãos vendo o donativo
Tramam jeito vingativo,
De lhe fazer um ataque.

Ficaram mais violentos
José dizer ter sonhado,
Eu tive sonho esquisito,
Travar capim enrolado
Para tratar de cabrito,
Doze feixes curva aflito
Para o meu todo dourado.

Pegaram o bom rapaz
Bela túnica rasgáram,
Jogaram numa cisterna,
Vestes com sangue sujáram,
Inveja é coisa eterna
Noite iriam a caverna
O José vivo matávam. .

Rubem que não era cruel,
Vendeu Zé a Medinitas,
Divide ouro por iguais.
Levam a sina maldita
Mostram vestes aos pais
Deixa crer não o verão mais
Fazendo chorar desdita.

Medinitas já no Egito,
Vende Zé pra Potifar.
Rapaz breve destacou,
Logo o patrão vai notar,
E tudo que encomendou
Cedo José destrinchou,
Fazendo patrão enricar.

Zuleica a mulher ministro
Cismou de dar pra o José,
Como era bobo o tal moço.
Eu pegava a muié!
Mas José era colosso,
Fingiu dor no pescoço,
Merda sô Zé pequeté.

O maridão retornou
Fez a caveira do Zé.
Tristonho contra vontade,
Deu razão para sua muié.
Zuleica era só maldade,
Se Zé faz a caridade
Fica tudo no coité.

Prenda pra não ser chifrudo,
O Zé na prisão arrazou,
Fazia contas pra tudo
Sonhos Zé adivinhou,
Era sonho de um graúdo
Fora da prisão o sortudo,
Cara morre adivinhou.

Faraó sonha com vaca
Sete vacas bem magrinhas
Come sete bem parrudas,
Sete espigas bem fraquinhas
Come sete bem bojudas
Bruxos com coisas absurdas
Moço Zé soprou a farinha.

Chefão soube do adivinho
Mandou buscar na prisão,
Contou o sonho pro menino
Zé fez adivinhação,
Cascou abacaxi e pepino
Logo deu a dica de ensino
Para seu chefe reisão.

Faraó cê fica esperto, 
Vacas gorda milho cheias,
São anos de chuva e fartura,
Vacas magras bagas feias.
Sete anos fome e gastura,
Cê dosa esta rapadura,
Aranhas vai comer teias.


Faraó bobo nem nada,
Falou, contratem o hebreu,
Força de voz faraó,
E vivendo seu apogeu,
Bateu em Zuleica sem dó
Deu até ela virar pó
Ela desapareceu.

zé rico grande chefão
Sete anos só trabalhando,
Vem seca igual Saara,
Fome no mundo apertando
Zé vende comida cara
Ouro, prata e joia rara,
José com fama sobrando.

Seis meses chegam irmãos,
Todos com roupas rasgadas,
Cada qual foi dando o nome
Zé aprontou presepadas,
Dizia hoje o moço come,
Amanhã vai passa fome,
Pra perdoar a moçada.

José vingou direitinho.
Pôs os manos na coleira
Cambada ficou fininho
E nunca mais fez besteira
O ganho mesmo pouquinho
Racha com mano Zezinho
Até mulher e sem chieira.

Tomaram no pito cachimbões?



 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 20/11/2019
Reeditado em 09/02/2021
Código do texto: T6799286
Classificação de conteúdo: seguro
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