Menina negrinha

Uma vez uma menina

Negrinha como carvão
Morava numa cidade
Onde ficava um dragão

Sonhava ser a princesa
O povo pra ela dizia
Não existem princesas negras
Isso muito a entristecia

Já pensou doce princesa
Negra, pobre e bem gordinha
Sonho bastante bobinho
Bom era fazer farinha

A menina bem negrinha
Contava aquele tal sonho
Aos pardais à tardinha
Ele não tinha tamanho
 
No meio do seu jardim
Apareceu uma fadinha
Com varinha de condão
Que também era gordinha

Você será princesinha
Mesmo negrinha pra mim
Mostrará a todo mundo
Que cor não é nada, enfim

Com sua varinha mágica
A fadinha fez feitiço
Um castelo apareceu
No reino, bom rebuliço

A menina bem negrinha
Coroa assim recebeu
Um rei careca e gorducho
O trono lhe ofereceu

O rei bastante engraçado
Disse para menininha
Com voz fraquinha e bem rouca
Cuide dessa galinha

A menina bem negrinha
Bastante esquisito achou
Ser princesa pra cuidar
De um bicho pois que ganhou

Sem falar nadinha mais
A menina bem negrinha
Foi passear no castelo
Abraçada à galinha

Cacarejou tal galinha
Ficou toda arrepiada
Fingiu pois ter morrido
Menina preocupada

Correu para ver o rei
Contar o que aconteceu
Com galinha que ganhou
Parece que ela morreu

Rei quase morreu de rir
À menina bem negrinha
Perguntou então lá sincero
O que tem na cabecinha

Esse montão de cabelo
Serve para que menina
Eu lhe dei bela galinha
Ela você não fascina

Mais esperta bem pensei
Que você fosse notar
Com uma pele escurinha
Bichos devemos amar

A menina bem negrinha
Uma lágrima escorreu
Já tinha sofrido muito
A galinha assim morreu

Em toda a sua vidinha
Sofreu muito preconceito
Diziam bobas negrinhas
Não têm coração no peito

Era negra igual carvão
Com o qual pois se desenha
Uma dengosa galinha
E dela se faz resenha

O rei bastante enraivado
Menina logo mandou
Tomar banho pra mudar
De cor assim lhe falou

A menina bem negrinha
Com raiva se recusou
Achou grande tirania
Na ordem do rei que escutou

A sua pele escurinha
Nunca queria trocar
Contava cem mil histórias
De um povo a se libertar

Retirados mal de casas
Uma gente escravizada
No tronco sangue ficou
Na senzala abandonada

Pensou a bonita menina
Trocar sua cor jamais
Podiam gastar xampu
Sabonete bom demais

Pensam que com belo banho
As más marcas se tiram
De sofrimentos atrozes
Avós nunca dormiram

A escravidão machucou
Muitos velhos e crianças
Nos maus navios negreiros
Cortaram as suas tranças

A menina bem negrinha
Olhou bastante pro rei
Parecia bem frustrada
Vou lhe contar o que sei

Deixe eu voltar para casa
Ser apenas a negrinha
Entre a gente colorida
Levar a minha vidinha

Onde eu moro é assim
O povo mau também quer
Que a gente mude de cor
A eles sou coisa qualquer

Pode deixar a galinha
Vir comigo, por favor
Ela nunca que morreu
Estava com uma dor

O rei coçou seu nariz
Espirrou foi um mal bocado
Sem saber o que dizer
Meio triste, envergonhado

Assim, o rei decretou
Toda menina negrinha
No mundo será princesa
Vai cuidar de uma galinha
E extinguir a pobreza
Mais tarde será rainha
*********
Rosângela Trajano em 19 de novembro de 2019
Mamãe acabou de chegar das compras.
Comprou tecidos para fazer vestidos.
*********
Exercícios para o bom pensar
 
1 – Por que as pessoas negras sofrem preconceitos?
2 – Por que o preconceito dói dentro da gente?
3 – Quais coisas causam o preconceito?
4 – Por que devemos acabar com o preconceito?
5 – Como foi a escravidão no mundo?
6 – O que a escravidão fez com os negros?
7 – Por que a escravidão dos negros não deve existir nunca mais?
8 – Que tipo de escravidão você acha que ainda continua existindo no mundo?
9 – Por que devemos amar as pessoas por igual?
10 – Quais sonhos você acha que uma menina negrinha tem?
 
Desenhe você acabando com a escravidão no mundo.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 19/11/2019
Código do texto: T6798548
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.