Alma Cisterna
A primeira vez que me reconheci Abençoado foi quando na minha comunidade a seca chegou e pegou todo mundo desavisado.
Cercados de fome, violência e miséria; morrer de sede era o que nos restava, já que lágrimas salgadas a ninguém saciava.
Nesse caos apocalíptico minha casa era previdente, em tempo de chuva, nas cisternas guardavamos água como se tivessemos uma nascente.
Embora pobre e desprovida nesses tempos de horror minha casa virava oases compartilhando seu único bem de valor.
Realmente não tínhamos carro, dinheiro, nem televisão, mas tínhamos três cisternas cheias pra aliviar a vida no escaldante calor do verão.
Emocionado da Janela via aquela multidão que de sedenta agora sai com sua lata de água pra tomar seu banho e fazer a refeição.
Entre lágrimas de alegria quero aqui meu cordel encerrar e dizer pra você meu amigo seja pobre ou rico, mas seja cisterna cheia distribuindo amor e esperança por onde vier passar.