Alma Cisterna

A primeira vez que me reconheci Abençoado foi quando na minha comunidade a seca chegou e pegou todo mundo desavisado.

Cercados de fome, violência e miséria; morrer de sede era o que nos restava, já que lágrimas salgadas a ninguém saciava.

Nesse caos apocalíptico minha casa era previdente, em tempo de chuva, nas cisternas guardavamos água como se tivessemos uma nascente.

Embora pobre e desprovida nesses tempos de horror minha casa virava oases compartilhando seu único bem de valor.

Realmente não tínhamos carro, dinheiro, nem televisão, mas tínhamos três cisternas cheias pra aliviar a vida no escaldante calor do verão.

Emocionado da Janela via aquela multidão que de sedenta agora sai com sua lata de água pra tomar seu banho e fazer a refeição.

Entre lágrimas de alegria quero aqui meu cordel encerrar e dizer pra você meu amigo seja pobre ou rico, mas seja cisterna cheia distribuindo amor e esperança por onde vier passar.

Jazi Nask
Enviado por Jazi Nask em 17/11/2019
Reeditado em 11/04/2020
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