É ASSIM QUE A GENTE FALA
No Brasil pra se expressar
Há diferenciação,
Porque cada região
Tem seu jeito de falar.
O Nordeste é excelente!
Tem um jeito diferente
Que a outro não se iguala:
Alguém chato é Abusado;
Se quebrou, Tá Enguiçado...
É assim que a gente fala.
Aprendi desde pivete
Que homem franzino é Xôxo;
Alguém medroso é um Frouxo
E comprimido é Cachete.
Sujeira em olho é Remela,
Quem não tem dente é Banguela,
Quem fala muito e não cala
Aqui se chama Matraca,
Cheiro de suor: Inhaca,
É assim que a gente fala.
Desconfiado é Cabreiro,
Travessura é Presepada,
Uma cuspida é Goipada,
Frente de casa é Terreiro,
Dar volta é Arrudiar,
Confessar, Desembuchar,
Quem trai alguém, Apunhala,
Distraído é Aluado,
Quem está mal, Tá Lascado...
É assim que a gente fala.
Não concordo, é Pois Sim!
Tô às ordens é Pois Não.
Beco do lado é Oitão,
A corrente é Trancilim
Ou Volta, sem o pingente.
Uma surpresa é, Oxente!
Quem abre o olho Arregala;
Vou Chegando, é pra sair,
Torcer o pé, Desmintir...
É assim que a gente fala.
Estilingue é Balieira,
Uma prostituta é Quenga,
Um cabra frouxo é Molenga,
Um baba ovo é Chaleira,
Opinar é Dar Pitaco,
Axila é Suvaco,
E cabra ruim é Mala,
Atrás da nuca é Cangote,
Adolescente é Frangote...
É assim que a gente fala.
Colar provas é Filar,
Brigar é Sair no Braço,
Nosso lombo é Ispinhaço,
Faltar aula é Gazear,
Quem fala mais alto ou grita,
Pra gente aqui é Gasguita,
Quem faz o pacote, Embala,
Enrugado é Ingilhado..
Com dor no corpo, Ingembrado,
É assim que a gente fala.
O nosso palavreado
Não se pode ignorar,
Pois ele é peculiar,
É bonito, é Arretado!
E é nosso dialeto.
Sendo assim, está correto
Dizer confeito e não bala.
É feio pra muita gente,
Mas não é incoerente...
É assim que a gente fala.
Alguém sortudo é Cagado,
Capotagem é Cangapé,
O mendigo é Esmolé,
Quem tem pressa é Avexado,
Uma sandália é Percata,
Uma correia: Arriata,
Quem faz fofoca badala,
O cascudo é Cocorote,
E o folgado é Folote...
É assim que a gente fala.
Coisa fácil é Fichinha,
Dose de cana é Lapada,
Empurrão é Dá Peitada,
E o banheiro é Casinha,
Tudo pequeno é Cotoco,
Vigi! Quer dizer, por pouco,
Desde o tempo da senzala.
Nessa terra nordestina,
Seu menino, essa menina,
É assim que a gente fala.