O Cão e a Máscara
Um cachorro muito esperto
Procurava um osso para roer
Queria algo, que ao certo
Fizesse a sua procura valer
Incansavelmente tudo farejou
Indiscriminadamente cheirou
Mas nada para lhe satisfazer.
Porém algo avistou então
Um objeto bem colorido
Chamou-lhe a atenção
Mas ficou espavorido
Ao notar que sua visão
Tinha olhos de um tição
Por isso soltou um latido.
Não fosse a curiosidade
Teria saído correndo
Porque ele não tem idade
Para ficar se metendo
Em qualquer aventura
Ainda mais com essa gastura
Causada por medo horrendo.
Mas foi em frente
E uma máscara encontrou
Pra ele era de gente
Uma cabeça que achou
Devagar foi se achegando
Aquilo foi investigando
Mas não o abocanhou.
A máscara era muita bela
Um rosto em formosura
Que beleza era aquela?
Mas a pele era bem dura
E ele deu-lhe focinhada
Fazendo-a ficar virada
Mas ela não tinha gordura.
Ele se afastou com desdém
E disse sem consideração
“Miolos esse aí não tem
Só beleza em sua feição
Pra que serve um rosto
Que não é composto
De cérebro e sua função?”
O cachorro nos ensina
Que sobra cara bonita
Seja de menino ou menina
Mas mesmo sendo infinita
Quando não pode pensar
A beleza é de se desprezar
Super homem com criptonita.
Aberio Christe
Adaptação da Fábula de Esopo