Um nordestino de coragem

Começo logo falando

De um casal de namorados

Que a dois meses vem se amando

Porém, num dia marcado

Vai conhecer os pais dela

Até nem gosto de pensar

Porque chega me "amarela"!;

Eles moram distante

Em uma chácara arretada

No rumo de palmeirantes

Porém,só sei a estrada

E o resto fica perante;

Ana é o nome da donzela

Junto com Francisco

Que é o namorado dela,

Parece até estranho

O que ela lhe revela;

Ela fala dos seus pais

O assunto contarei agora

Cada uma de dar medo

A história toda é um enredo

Ai meu Deus, nossa senhora!;

Peço permissão para falar aqui

Sei que não estão cientes

Do que contarei agora,

Mas isso fica como um presente

Para o senhor e para a senhora;

Nem tudo que vou contar

É um fato verdadeiro

Só aumentarei as coisas

Para melhorar o meu roteiro;

Agora falo de sua mãe

Mulher bruta e exigente

Não é de muito tamanho,

Mas assusta toda gente!

Mulher de paciência,

Mas não se leve a enganar

Pois vive pela experiência;

Cuida bem de sua família

É uma mulher dedicada

E não gosta de mentira

Pois quando fica enraivada

Não á quem se atreva

A dar uma risada!;

Mas é mulher de bom coração

Apesar de muito bruta

De tudo tem compaixão

É mulher de lealdade

Basta lhe tratar com respeito

Que sempre terá sua amizade;

Agora mudo o roteiro

Para falar do seu pai

E temendo de ficar inteiro!

E ainda penso agora

Venho aqui abusando da sorte,

Mas logo vou embora

Ainda temendo a morte!;

Vou falar dessa "fera"

Só em saber sua fama

Já me amarela

Confesso não estou com drama

Só estou temendo

De ser agarrado pela goela!;

De tamanho até me assombro

Eu olho para cima

Para enxergar o seu ombro!

Ele é um cabra moreno

De feissura assombrada

Nos seus olhos tem veneno

Que mata mais que uma picada

Da serpente mais falada!;

Não é de conversa fiada

Anda bem preparado

Na cintura um canivete

Da ponta bem afiada!

E coitado de quem se mete

A tratá-lo com desrespeito

Porque no cabra logo da uma surra

Para vê se toma jeito!;

A fama dele é melindrosa,

Mas é um homem de valor

Trabalha e sustenta a família

E trata eles com amor;

No seu povoado mora pouquinha gente

Por onde anda é bem falado

E respeitado contentamente

Pois ainda não fez nem uma desgraça

Para que assombre aquela gente;

Mas não venha a lhe testar

Sua paciência é curta

E logo pode se azaltar

E se vinher a uma disputa

O cabra pode se lascar!;

No "fogo" do álcool

Aí vira uma bagaceira

Pula ligeiro no salto

E lhe mete a peixeira!;

E agora mudo o roteiro

Para falar de outro drama

Fique atento meu parceiro

Porque agora falarei da minha fama;

Ouvindo ela falar

Esse ato que contei

Confesso e não vou negar

Que sismado eu fiquei;

Mas isso não me atingiu

Nem me deixou amedrondado

Falei: agora é que eu quero

Falar com ele do meu lado

E nos entender-mos é isso que espero;

Eu venho do Nordeste

Um lugar desafiador

Onde o sol não se esconde

Deixando na terra o seu calor

Só vive lá cabra da peste

Valente,desafiador!;

Terra de Vergulino

Cabra valente feito o cão

Um tremendo assacino

Dado por nome de lampião

Baseados pelos estragos

Que ele fez pelo sertão;

Todos conhecem sua história

Por isso não a contarei

Porque não me vem a ocasião

Só basta sabermos que ele foi o rei

Coroado pelo sertão!;

Agora minha história vou contar

Eu venho de família bruta

Criados pelo Ceará

Onde viver é uma disputa

E não adianta ter muita gente

Porque lá só vive família bruta

De assacinos e cabra valente!;

E assim é a minha sina

Fama de cabra macho

Não adianta vim por cima

Que eu corto por baixo,

Sou pequeno no tamanho,

Mas grande na valentia,

Mas é só me tratar bem

Que me terás com alegria;

Nunca matei ninguém

E nem pretendo matar,

Mas coragem me convém

E não importa o que venha

Que eu não consiga derrubar!;

Me mudei para o Tocantins

Nem por isso perdi o valor

Me dei bem na cidade

E não usei nem uma maldade

Por força do sauvador!;

Não temo a ninguém

Falo com toda a gente

E medo não me convém

Porque medo temos de bicho do mato

A os cidadãos temos respeito

Para não haver maus tratos

E todos viverem do mesmo jeito;

Mas creio que fúria não irei usar

Vou me dar bem com seus pais

Para logo contigo casar

E rivalidade não vai ter

Basta nos entendermos

E só alegria vai acontecer;

E chega o dia esperado

Medo eu não sei o porquê

Eu vou sismado

Para qualquer coisa me defender,

Mas isso é só bobagem

Porque nessa viagem

Todos vamos nos entender;

E é isso que acontece

Foi tudo tranquilo

Brigar por quê?

Nao carece!

Foi tudo na paz

E parece que o valentão

Gostou desse rapaz;

Por fim, nos demos bem

Agora nos conhecemos

E rivalidade não convém

Agora posso ir lá

Que todos irão me acomodar

E me tratar bem;

E assim é a nossa vida

Cada um temos uma cina

Dependendo da nossa lida

Nem por isso não vivemos bem

Basta conversar

Que tudo irá além;

Um exemplo eu dei

Não dê ouvidos a conversas

Siga seus instintos

De acordo com sua "lei"

Se você não correr atrás

Vai se arrepender

Porque o que a vida leva

Nem o vento é capaz de trazer.

Francisco Antonio
Enviado por Francisco Antonio em 30/10/2019
Reeditado em 06/10/2020
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