FALANDO EM REVOLUÇÃO...

Violão e clarinete

São instrumentos de sopro

Ví numa roda de côco

A viúva dum cadete

Montava num cacoete

De mastigar o dedão

Passava ali um capitão

E à ela disse um bocado

E FOI-SE EMBORA APRESSADO

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

Feijão bom é só de rama

Feito com lenha de anjico

Mulher que conta fuxico

E faz miséra'” na cama

Diz o povo que tem fama

Mas voltando no feijão

Gostava era Lampião

Com xerém e bode assado

E FOI-SE EMBORA APRESSADO,

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

Tanto fez e tanto faz

Se Pelé foi presidente

Quem enforcou Tiradentes

Foi um tal de Barrabás

Vivia pedindo paz

Golias a um tal Sansão

Na fuça levou um não

Deu 'nim' Sansão c’um machado,

E FOI-SE EMBORA APRESSADO,

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

Capitão e General

Um do outro é diferente

Capitão já foi Tenente

Aspirante a Marechal

Vi Getúlio falar mal

Na fila da injeção

Que o povo em nossa nação

Vota certo e vota errado

E FOI-SE EMBORA APRESSADO

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

Vi São Judas Carioca

Rezar a primeira missa

Bom mesmo é botar linguiça

No pirão de mandioca

Violeiro bom só toca

Se tiver bom violão

Fita, e anel no dedão

Deu Gonzagão o recado

E FOI-SE EMBORA APRESSADO

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

No tempo do pai divino

Jesus foi sindicalista

Tiradentes foi dentista

Mas não tratava o canino

Ninguém toque violino

Lendo cifra de pistão

Hoje o Rei Napoleão

Chegou, deixou um recado

E FOI-SE EMBORA APRESSADO

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

São Pedro vende um jumento

A João, na feira do rolo

O evangelista tolo

No maior contentamento

Botou no estacionamento

Saiu pra comprar sabão

Nisso gritou Salomão

Que o jegue fora roubado

E FOI-SE EMBORA APRESSADO

FALANDO EM REVOLUÇÃO!

(Zé Roberto)