TERRORISMO OLEOSO
TERRORISMO OLEOSO
Miguezim de Princesa
I
Depois de uma apuração
Do delegado Moreira,
A partir de um bochicho
Que ele ouviu no meio da feira,
Quem sujou o mar de óleo
Foi Expedito Ferreira.
II
Expedito é um terrorista
Que mora lá no Sertão
(Foi Seu Paulo Mariano
Quem o treinou para a ação),
Certa feita no cinema
Ele acabou a sessão.
III
Os padres estavam passando
Um filme conservador,
Condenando o ieieiê,
Que estava em pleno vigor,
Paulo chamou Expedito
E logo um plano bolou.
IV
Expedito, João de Aiguinha,
Se reuniu com Sossô,
Comeram quatro preás
E uma buchada que sobrou,
Foi uma explosão tão forte
Que a plateia desmaiou.
V
Dessa vez eles pegaram
O óleo de um motor
Que existia na Pixilinga,
Do lado do Matador,
Levaram para Natal
E Expedito despejou.
VI
Era um óleo tão antigo
Que logo se esparramou,
Cobriu todo o litoral
E muitos peixes matou:
- Agora o governo cai! -,
Logo ele comemorou.
VII
Mal sabia João de Aiguinha
Que era estória-cobertura,
Pra ele se sentir grande
E sair da Prefeitura,
Fazendo revolução,
Pregando contracultura.
VIII
Porque o grosso do óleo,
Preto, mais viscoso e puro,
Veio em navios carregados
Lá da terra de Maduro
E transformou nossas praias
Em enfeiados monturos.
IX
Despejaram e foram embora,
Espalhou-se a baixaria:
Até em Campina Grande
Chegou a mancha vadia,
Melou os pés da calçada
Do Bar de Maria de Tia.
X
E os governantes olhando,
À procura de um culpado.
Se não fosse o povo simples,
O brasileiro arretado,
Não tinha mais quem desse jeito
Tudo já tinha acabado.