Fé é areia movediça e a paz na ponta de uma pinça
Terra neutra e de ninguém
Me parece este país
Que não produz, vive aquém
De vida de meretriz
Povo parece que é feliz
Mas a aparência é fingida
E a miséria vai além
De uma moral pervertida.
O povo sonha um futuro
De poder, luxo e vaidade
E fica em cima do muro
Pescando a felicidade
Sem saber que por descuro
O mal se alastra, em verdade
E toma conta de tudo
Sem nunca ter saciedade.
Saqueada o tempo todo
Na maior corrupção
Transforma a riqueza em lodo
Por tamanha exploração
E deixa um rastro de morte
Por ambição e esporte
De quem nem é cidadão.
A tristeza é muito grande
De cortar o coração
Vendo o país dizimado
Por sua população
Que não vota com cuidado
Nem fiscaliza a eleição.
Com tratamento de gado
Levado pro matadouro
Sequer se vê seu miado
Da liberdade nem cheiro
Feito porco no chiqueiro
Oferta a ser dizimada
Do esforço leva nada
Sem futuro e sem dinheiro
Sem sequer identidade
A imitar o indigesto
Sequer pensa na acuidade
Que o obriga a ser honesto
Segue em barco de papel
Na ilusão de vencer
Mas qualquer amanhecer
Será grande frustração.
Nenhuma flor malmequer
Mudará o seu destino
Brincadeira de menino
Forjou a sua desdita
E no berro da cabrita
No franco balacobaco
O que lhe sobra é esse naco
De fé, mas em Deus nenhum.
Correndo atrás de zum zum
De jornalismo fajuto
Fake news, demônio astuto
Vive perdido e sem rumo
Felicidade é só fumo
Do cachimbo do capeta
Que joga malacacheta
E aposta o seu futuro
E ainda toca a trombeta.