O ônibus, a ficha telefônica e o doce de goiaba: a crônica de um amor à primeira vista - parte VI

Pseudo-cordel

A história de como me apaixonei pela minha musa ...

Ia pensar que sou maluco,

disso eu tenho certeza.

Esta situação delicada

eu tinha de tratar com esperteza.

Não podia deixar fugir

moça de tamanha beleza

Dessas que até parecem

um capricho da natureza.

Fui caminhando ao seu lado

tentando um tempo ganhar.

Tinha de haver uma forma

de esta moça eu namorar.

Foi então que defronte a um prédio

me disse que iria entrar.

Perguntei se era sua casa,

mas ia ali só um livro entregar.

Eu fui pego de surpresa

fiquei sem ter o que falar

Como é que eu faria

para esta moça reencontrar?

Fui pra casa caminhando.

Minha mente estava a mil.

Meu sentimento de angústia

era maior que o Brasil.

Tinha andado quarteirões,

quando decidi então voltar.

Se ela ainda não tivesse ido,

com ela poderia falar.

Se eu a deixasse partir,

de que forma me alegrar?

Poderia ela nas férias

um namorado encontrar.

Fiquei mesmo de tocaia

de onde o prédio eu podia ver.

Se ela ia mesmo sair,

isso eu não poderia prever.

Foi então que eu a vi

na portaria aparecer.

Nisso, ganhei de novo vida,

senti meu coração bater.

Fui descendo a calçada

fingindo estar distraído.

Para que tudo parecesse

por coincidência acontecido.

Fiquei com medo que ela

pensasse que eu era bandido.

Na verdade, eu era um morto

que havia renascido.

Fingi surpresa ao vê-la

e fiz um sorriso sincero.

Que queria transmitir:

Oh, moça, quanto te quero!

Acredite que te amo,

não é conversa ou lero-lero.

Ter vida longa ao seu lado

é tudo que eu mais espero.

Continua...