Dúvida cruel
não sei se eu como arroz solto
não sei se eu como arroz junto
se eu zelo quem está vivo
se eu vou velar o defunto
se eu junto o pão com salame
se eu como o pão com presunto
não sei se eu tomo uma dose
ou se eu como uma jaca
se eu vou deitar numa cama
ou se me deito numa maca
se eu vou bater no zabumba
se vou tocar na matraca
não sei se eu como cuscuz
não sei se eu como farinha
se eu prendo o galo pedrês
se eu solte o galo de rinha
se eu parto de manhã cedo
se eu volto de tardezinha
não sei se vou de avião
não sei se vou de navio
nao sei se vou pela ponte
não sei se vou pelo rio
se eu tomo banho no quente
se eu tomo banho no frio
eu vivo assim no dilema
que essa vida me impõe
espero o ovo da granja
enquanto a galinha põe
entre acertos e falhas
eu vou comendo as migalhas
do que a vida dispõe.