A VERSÃO DO MEU "EU"
Por Gecílio Souza
Me falta uma outra parte
Que jamais me pertenceu
Então vivo procurando
Sem saber o que aconteceu
Com a minha versão feminina
Aquele meu outro “Eu”
Vasculhei o Planeta Terra
Nem sinal apareceu
Perguntei ao Cosmo inteiro
Responda-me em que luzeiro
A minha versão se escondeu
Desça se não já desceu
Minha outra parte querida
Deve estar em algum lugar
Por opção ou perdida
Caso esteja nas Galáxias
Em alguma estrela escondida
Venha se unir a mim
Sou a sua versão padecida
Volte meu “Eu” diferente
Tudo se acaba de repente
Venha enquanto há vida
Cada alma dividida
Sofre e não se regenera
Ambas as partes vagueiam
E o tempo as desconsidera
Perguntei à Lua e ao Sol
Que entendem de paquera
Mas o casal de luzeiros
Não ajuda, não coopera
Aqui deste meu lugar
Peço ao meu “Eu” retornar
Sei que é recíproca a espera
Seja um deus ou uma fera
Não suporta a solidão
Cada qual à sua maneira
Possui a própria versão
O deus para ser adorado
A fera para a procriação
Um monstro tem companheira
Um deus tem submissão
Entre o selvagem e o divino
Sou um mortal peregrino
Buscando a combinação
Minha parte do coração
Meu outro “Eu” retirante
Venha já ao meu encontro
Na forma de outro semblante
Sei que também me procura
Talvez em lugar distante
Quem sabe estamos tão próximos
Que basta um alto falante
Para nos identificarmos
E esta busca encerrarmos
Já esperamos bastante
O nosso encontro garante
A humana continuidade
Duas partes de um só ser
Convergentes na vontade
Sou parte da sua alma
Você, minha outra metade
União não é fusão
Reconhece a alteridade
Você é o “Eu” que me falta
Sou a sua versão correlata
Buscando uma identidade.