666 OU A BESTA?
Seiscentos e sessenta e seis
É um número incoerente
Ouvia muito essa conversa
Quando ainda era inocente
Diziam, isso é segredo
E eu morria de medo
Daquele papo de crente
 
É o número da besta fera
Era só o que se falava
E o povo com tanto medo
Quase nem pronunciava
Pra não invocar o mal
Com esse número anormal
E a vida continuava.
 
E os mais velhos diziam
Um dia irá surgir
E a besta virá em um homem
Com o tempo pus-me a sorrir
Dizia eu, que bobagem
Essa besta é só miragem
E jamais virá aqui.
 
Então o tempo passou
E eu já meio descontente
Cadê a peste da besta,
Será que enganaram a gente?
Então veio a famigerada
Que surgiu assim do nada
Na figura de presidente.
 
Se é a fera eu não sei
E não quero confusão
Não me meto em politicagem
E nem brinco com ladrão
Sou apenas um poeta
Que os pormenores interpreta
E transforma em emoção.
 
Aqui vou me despedindo
Perguntado ao Senhor Deus
Por que será que você
Esse castigo nos deu?
Uma besta inconsequente
Em forma de presidente
Ou o besta aqui sou eu?