Ícaro

Planando ao teu redor

Só querendo o teu querer

Eu baterei minhas asas

Rente ao sol do teu ser

Não me aflijo de cair

Com asas a derreter

A quilômetros suspensa

Radiante estrela viva

Me esquecendo da aparência

Não me lembro da fadiga

De viver sempre tentando

Pois tua essência convida

O calor que vem e me aquece

É o mesmo que me afasta

Fecho os olhos, numa prece

Pra que ofusque tua falta

Pois teu quente brilho inerte

Ao chão, sempre me arrasta

No martírio de não ser

Uma ave solta a voar

Pra planar livre, sem medo

De logo mais despencar,

Só pra chegar de mansinho

E em tua pele pousar

Querendo banhar minha alma

Mergulhando no teu brilho

Vago na imensidão azul

Sentindo-me um andarilho

Condenado a prantear

E a ausência, é meu castigo

Esqueço-me dos conselhos

Não tendo nem um receio

Me lançando em teu calor

Só pra aquecer o meu peito

Mesmo sabendo que o mar

De morte será meu leito.

Ednaldo Rodrigues
Enviado por Ednaldo Rodrigues em 21/08/2019
Código do texto: T6725950
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