Ícaro
Planando ao teu redor
Só querendo o teu querer
Eu baterei minhas asas
Rente ao sol do teu ser
Não me aflijo de cair
Com asas a derreter
A quilômetros suspensa
Radiante estrela viva
Me esquecendo da aparência
Não me lembro da fadiga
De viver sempre tentando
Pois tua essência convida
O calor que vem e me aquece
É o mesmo que me afasta
Fecho os olhos, numa prece
Pra que ofusque tua falta
Pois teu quente brilho inerte
Ao chão, sempre me arrasta
No martírio de não ser
Uma ave solta a voar
Pra planar livre, sem medo
De logo mais despencar,
Só pra chegar de mansinho
E em tua pele pousar
Querendo banhar minha alma
Mergulhando no teu brilho
Vago na imensidão azul
Sentindo-me um andarilho
Condenado a prantear
E a ausência, é meu castigo
Esqueço-me dos conselhos
Não tendo nem um receio
Me lançando em teu calor
Só pra aquecer o meu peito
Mesmo sabendo que o mar
De morte será meu leito.