ESCRITOR E ÁGUA POTÁVEL SEMPRE ENTRAM PELO CANO (Reeditado)
Seja em verso ou prosa,
Ao exercitar a arte,
Todo poeta faz parte
De um mundo cor de rosa,
Onde vigora a famosa
Máxima, de cujo plano,
Entra ano e sai ano,
Escapar não é provável:
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
É verdade que o artista,
Em qualquer modalidade,
Passa por dificuldade,
Para agradar a vista
Do cidadão ao turista,
Ante o ato soberano
De quem julga, leviano,
O que não é agradável.
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
Se publica sua obra,
Ganha editor e livreiro,
Mas ao autor, altaneiro,
De fato, pouco lhe sobra,
Já que tudo se lhe cobra,
A título de perda ou dano,
Num esgar quase profano,
D’alguém pouco confiável.
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
Assim, resta, simplesmente,
Esperar que algum dia
Haja uma melhoria
Na situação vigente,
Que se plante a semente
De sistema mais humano.
Do contrário, ledo engano,
Pensar tornar-se notável.
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
Obrigado, mestre Jacó, esta página se engrandece com os seus primorosos versos.
Quisera fosse engano,
A gente ficasse rico.
Pelo tempo que pratico,
Já bateu o desengano.
O ouro me ignorando,
Jamais serei um notável.
Escritor é água potável,
Sempre entra pelo cano.
(Jacó Filho)
Obrigado, meu caro Joel, por sua brilhante participação.
Eu conheci o cordel
Pela voz do velho Chico
Já faz tempo que pratico
Acreditando em Deus no céu
Mas nesse mundo cruel
Que escrever é quase profano
Vou continuar me inspirando
Em Jacó e Mario Roberto
Pois tendo vocês por perto
Eu serei água potável
E não entro pelo cano.
(Joel Marinho)