A CIDADE E O CAMPO

Pra falar de cidade e campo

Quero agora comparar

Lá no campo tudo é verde

Passarada a gorjear

Relva brilha na aurora

Lá se vê no horizonte

O sol vermelho a brilhar.

Na cidade não se vê

Nem horizonte nem relva

Mas o ruído e a peleja

É pior que estar na selva.

Só se vê é cara estranha

Nem vê Tonho nem vê Zé

Só espigões e arranha céus

Ninguém sabe de quem é

Pra entrar em uma rua

Tem que dizer o que quer.

Em cada esquina um espião

Bem atento à multidão

Se lá vem um cidadão

Logo é interrompido

Por um deles todo munido

Pra onde vai meu irmão?

Quando amanhece na cidade

Ninguém vê gado mugir,

Ninguém vê galo cantar,

Ninguém vê a passarada

A alvorada anunciar.

É lá no alto um avião,

Lá embaixo um caminhão,

É carro na frente, carro atrás

É o menino do pão,

É o vendedor de jornal

E logo vem: olhe o gás!

Se sair pra trabalhar

Meu irmão eu nem te conto

Logo se vê a multidão

Amontoada a esperar

A condução em cada ponto.

Sabe-se a hora que sai

Não se sabe a hora que chega

Chacoalhando dentro do ônibus

Com empurrões e tropeções

Um pensamento no futuro

Outro sentido nos patrões.

Lá no campo não tenho patrão

Montado em meu alazão

Vou seguindo campo afora

Descendo meu boqueirão.

Sempre chego na hora certa

Quem me atrasa não tem não

Como é bom viajar livre

Pisando sempre em meu chão

Nas estradas do sertão.

Jonas Martins.

Jonas Martins Pedrão
Enviado por Jonas Martins Pedrão em 17/06/2019
Código do texto: T6675442
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