"NÃO"
Agora eu entendi
O que é que está errado
Na garganta emperrado.
Tanto essa dor vendi
Mas só agora senti
O quanto fui fútil, nulo
Discutindo sempre fulo
Problemas que não me deram
Com soluções que nem eram
A deus viáveis, calculo.
Pois eu reparei que não
Reparei que eu não quero
Da minha parte fiz zero
Quando não na contramão
Pode levar, eu não quero
Mas se eu puder pedir,
Sendo para prevenir,
Por favor, não leva tudo
Também não quero ser mudo
Você pode não ouvir.
O meu problema é “NÃO”.
Eu digo que é inútil
Tudo aqui escrito é fútil
Rimas de segunda mão
Gritam “CLICHÊ” na audição
Eu não saberei se for
Entrego o fim sem dor
Não gastou tempo então:
“O meu problema é ‘NÃO’”
Até mais, caro leitor.
Não correrei a vapor
Olha, não quero brigar
Não quero ser popular
Também não quero me impor
Também não quero me expor
Não quero que me olhem
Mas não me ignorem
Não serei mais tão passivo
Não serei inofensivo
Mas não quero que me cobrem.
Eu não quero ofender
Mas já chega de ser frágil
Não quero pagar pedágio
Há tanto para se ver
Não quero mais esquecer
Não quero ser coisa nenhuma
Mas não sei ser coisa alguma
Também não quero ser nada.
Com a vida desperdiçada,
Só mais um dia, em suma.