À sopa da discórdia
À sopa da discórdia
Vou te contar uma história
Que aconteceu nas bandas do meu sertão
Essa prosa é bem engraçada
Quase anedota que se passou com Tião
O cabra era caixeiro viajante
Vendia e comprava coisas
Mais não era mercador ambulante
Na verdade era pomposo o moço
E numa viagem seus olhos brilharam feito diamante
O moço virá à flor mais bela do sertão
Uma mistura de índia com sereia
Coisa tão linda que roubou seu coração
Era tão Formosa que logo o cabra se ajeitou todo
Mãos no cabelo barba até calça levou um puxão
Aquela flor era nascida e criada pelas bandas do rancho Maria Bonita
Tião soltou à prosa foi tanta cuíuda e anedota
Logo pra filar à boia o moço se convida
À moça arrumou à mesa com sua melhor guarnição
Serviu à sopa com pão na melhor louça
Ela só não sabia que o tinhoso comia feito um leão
Tomou prato por prato de sopa e intercalado com pão
O danado do moço assombrou à todos quando esticou os olhos no caldeirão
Foi tanto assombro no povo que logo falaram ele devora mais que à seca no sertão
Fora tanta falta de modos do moço que perdeu um futuro casório
Com à índia sereia mais linda do sertão
Muita gente não vai crer nessa pantomima
Mais qualquer dúvida vai lá pras bandas do rancho Maria Bonita
E pergunta pela sopa da discórdia
Que apavorou o povo na comilança do tal do Tião
O danado tomou toda sopa comeu o pão
Só não se deu conta que perdeu à flor mais bela do sertão
Ricardo do Lago Matos