O DUELO ENTRE O LÁPIS E A BORRACHA
O lápis e a borracha
Travaram uma forte briga
Pois a caneta malvada
Fez ao lápis grande intriga
Que a borracha havia dito
Ser ele causa perdida.
A conversa da caneta
Deixou o lápis zangado
Que procurou a borracha
Bastante descontrolado
Só não chamou-a de santa
Estava desaforado.
Disse a ela “sua zinha”
Eu sou maior que você
Basta um apontador
E alguém para escrever
Deixo tanta coisa escrita
Para o mundo todo saber.
Faço saber que você
É trise e sem valor
Tem um coração de pedra
Desprezível, estupor
Eu escrevo poesias
Carta e contos de amor.
Trago tantas novidades
Quando me pedem socorro
Vou viajando nas páginas
Cada risco algo novo
Vejo alegria nos olhos
E no semblante do povo.
Até então a borracha
Permaneceu bem calada
Ouvindo a raiva do lápis
Ela não dizia nada
Só um sorriso sarcástico
Vinha daquela danada.
Ela disse, caro lápis
Já terminou seu teatro?
O lápis olhou com ódio
Que quase perdeu o tato
Lia-se nos olhos dele
Desgraçada ainda te mato.
Com calma a borracha disse
Do que vale escrever
Essas coisas tão bonitas
Que podem causar prazer
Se uma borracha velha
Pode dar fim em você?
Lápis, você é sagaz
Realmente é um encanto
Escreve coisas bonitas
Às vezes me causa espanto
Traz ao povo alegria
Mas também traz muitos prantos.
Imagina as bobagens
Que vossa excelência traz
Aquelas coisas terríveis
Que faz sofrer Satanás
Se não fosse a minha existência
O que seria da paz?
Você tem o seu valor
Em ti o povo acredita
E nas mãos de um desenhista
Desenha um laço de fita
Nos cabelos da menina
Deixando ainda mais bonita.
Nas mãos de um nobre poeta
Escreve contos e poesias
Poemas que tão bonito
Nos envolve de magia
Descem até lágrimas dos olhos
De amor e alegria.
Porém pense aqui comigo
Quando cai em mãos erradas
Que escreve e faz bobagens
Deixa as crianças assustadas
Se não fosse a tal borracha
Você fazia cagadas.
Então quando leio coisas
Que percebo ser bobagem
Eu vou lá pessoalmente
Com muita força e coragem
Apago todas besteiras
E sucumbo suas maldades.
Não quero lhe afrontar
Mas vejo muito insolente
Meu caro lápis, perdoe-me
Não quero bater de frente
Quero paz e harmonia
Reinando cá entre a gente.
Aquele lápis valente
Que chegou chispando fogo
Já estava cabisbaixo
A borracha virou o jogo
Com seu jeito feminino
Calou o lápis demagogo.
Disse a borracha, meu caro
Eu perdoo os seus fracassos
Auxilio nas besteiras
Apago sim os seus traços
Mas só pra manter a paz
Permita-me lhe dá um abraço?
O lápis não aguentou
Com as lágrimas em seu rosto
Abriu os braços a borracha
E abraçou-a com gosto
Reconhecendo a fraqueza
Que a vida o tinha posto.
Daquele dia em diante
O lápis se apaixonou
A borracha ainda cismada
Por algum tempo hesitou
Até sentir a firmeza
Se derretendo em amor.
Assim deu-se o casamento
Tomado pela paixão
Lápis e borracha casaram
Fizeram um grande festão
Convidaram o caderno
E acabou-se o inferno
Daquela grande questão.
JOEL MARINHO
Fotografia: JOEL MARINHO