Cangaceiro lampião
Meu povo peço atenção
Pra de um assunto tratar.
Pois vim até aqui
Pra uma história retratar.
Vim distorcer a verdade
E falar da crueldade
Que ouvi nesse lugar.
Já vivi noites tranquilas
E também de pesadelos
Pois escutei comentários
De lampião e seus cangaceiros
Sofria o pai que tivesse
Um de seus filhos solteiros.
Lampião não perdoava,
Nem lhes pedia perdão,
Pois o seu dever concebia
Matar por obrigação.
Era um nobre cangaceiro
Roubava todo dinheiro
Com seu duro coração.
Tantas histórias já foram ditas,
Tantas lendas inventadas,
Contadas pelos mais velhos
Que viveram essa jornada.
Mas o caso aqui é sério
Pois vim desvendar mistério
De lampião e seus camaradas.
Cangaceiro de coração duro
Que sentimento não tinha,
Mas até o mais bruto dos homens
Se encanta na poesia, ao ver
A morena bela.
No raiar do novo dia.
Os dez mandamentos diz:
Que não pode contrariar.
Por amar a mulher do outro
Um preço há de pagar.
Mas lampião acostumado
A lidar com cabra brabo
Não teve medo de enfrentar.
Ninguém acreditaria que
A história inverteria, e o
Cangaceiro temido correria
Perigo por se apaixonar.
Roubando a mulher casada
E seguindo sua estrada
Não teve medo de errar.
Lampião apaixonado
Por essa mulher valente,
Seu olhar tão matador,
Frio igual uma serpente.
Maria bonita era assim
E ninguém tomava a frente.
Um casal de cangaceiros,
Que não tinham piedade,
Andavam sempre em grupo
Uma forte lealdade.
Ninguém ousava trai-los,
Ou usar de falsidade.
Porque desse jeito via,
Sangue correr pela cidade.
Certa vez, Lampião
Ia seguindo por suas terras,
Procurando diversão,
Implorando por uma guerra
Ao ver outros cangaceiros
Saiu matando ligeiro
Sem dó e com muita pressa.
Lampião não satisfeito,
Não sacou com seu nome
Ouviu chorar numa rede
Uma criança com fome.
Lampião pensou melhor
Mas viu que o menino
Estava só...
Se viu sem solução
Com a criança nas mãos
Jogando ela pro alto
Foi logo lhe dizendo:
Vou te aparar no meu punhal
Pois crescer fazendo o mal,
É o mesmo que estou vivendo.
O pobre menino nada entendeu
Caiu sobre o punhal
Que lhe fez tanto mal
Enquanto estava morrendo.
Porém um último grito foi
O Que a criança deu, gritou
Firme e tão alto que a terra
Estremeceu.
O cangaceiro triste decidiu
Seguir lutando, mas em cada
Briga que tinha, o grito ia escutando.
Assim o temido lampião
Foi morto por um tenente
Sangue frio e coerente.
Que sua vida tirou.
Vou parando por aqui,
Este cordel inventado,
Retratando esses atos
Do cangaceiro homem brabo.
Que muita coisa viveu
E na hora do adeus
Deixou firme o seu legado.