Carpas

as carpas fugiram todas

numa cheia de outono

nunca mais foram avistadas

pelos olhos do seu dono

se entulharam nas barreiras

nas sombras das ingazeiras

ou nos pilares das pontes

algumas saltaram às margens

dos tabuleiros e vargens

agonizando aos montes.

as águas fazem borbulhas

nas pedras destes regatos

se acalmam em poços brandos

bem onde nadam os patos

as garças e os jacarés

no antro dos água-pés

nas margens dos rios rondam

que hajam peixes suvelas

e a escuridão das pinguelas

pra que as carpas se escondam.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 20/04/2019
Reeditado em 20/04/2019
Código do texto: T6628196
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