Carpas
as carpas fugiram todas
numa cheia de outono
nunca mais foram avistadas
pelos olhos do seu dono
se entulharam nas barreiras
nas sombras das ingazeiras
ou nos pilares das pontes
algumas saltaram às margens
dos tabuleiros e vargens
agonizando aos montes.
as águas fazem borbulhas
nas pedras destes regatos
se acalmam em poços brandos
bem onde nadam os patos
as garças e os jacarés
no antro dos água-pés
nas margens dos rios rondam
que hajam peixes suvelas
e a escuridão das pinguelas
pra que as carpas se escondam.