FILOPOESIA
Por Gecilio Souza
Não queira viver do resto
Que lhe dão por cortesia
Trace o seu próprio projeto
Com altivez e valentia
Erga para si um teto
Seu lugar, sua moradia
Cultive amigos por perto
Selecione companhia
Escolha ser mais modesto
Cuidado com a fidalguia
Seja sincero e aberto
Mas preserve a cortesia
O melhor é ser honesto
E se opor à hipocrisia
Uma dosagem de afeto
Inverte o estresse do dia
Pouco importa o dialeto
Se a linguagem é sadia
É preferível ser discreto
Tolo é o que se anuncia
Quem se intitula esperto
Carece de sabedoria
O ser humano completo
Equilibra a fantasia
Busca o método mais correto
De viver com alegria
Se recusa a ser objeto
É ele o sujeito que cria
Atua no mundo concreto
Para além da ideologia
Dá o voto e dá o veto
Consoante à serventia
O seu prato predileto
É a autêntica parceria
Do coração com o intelecto
Fonte da crítica harmonia
Nem tudo é errado ou certo
Mas há muita patifaria
Há opinião que é dejeto
Somente o insensato daria
O imbecil que fique quieto
Sua fala é uma covardia
Tão intruso quanto inseto
Em tudo o focinho enfia
Mas basta ser descoberto
Muita gente se desvia
Papo fútil e indigesto
Só agrada a mente vazia
Para ser franco e direto
Cada qual com sua mania
O meu cardápio é repleto
Uma extensa iguaria
Brinco até com o alfabeto
Ele muito me auxilia
Sou um poeta modesto
Que admira e aprecia
Aquele fértil deserto
Da cultura e da poesia
Mas não há melhor trajeto
Do que a própria filosofia
Legado do avô ao neto
Que a multiplica ou amplia
Por isto este manifesto
Saúda a sabedoria