Memórias de um cachorro de rua

Percorrendo várias ruas

Em busca do que comer,

Vivo levando pancada

E me pergunto porquê?

Por que apesar de tudo

Eu não pedi para nascer.

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Que chova que faça sol

Eu estou sempre na rua,

As vezes não como nada

Mas a vida continua

E no frio a madrugada

Fico olhando para a lua.

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Busco comida no lixo

E logo sou espancado,

Estou cansado de ouvir

Sai daí seu desgraçado,

Já corri cambaleando

E as vezes machucado.

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Sou um cachorro de rua

Que vive abandonado,

Sem nenhum simpatizante

Para abanar o rabo,

Minha vida é um inferno

Pois sou muito odiado.

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Se deito numa calçada

Somente para cochilar,

Logo aparece alguém

Querendo me expulsar,

É uma vida de cão

Difícil de explicar

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Até para namorar

É triste a situação,

Só há uma para quarenta

E gera uma confusão,

Por isso brigamos tanto

Que rolamos pelo chão.

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Os humanos dão paulada

E até jogam água quente,

Nem na hora de amar

O povo tem dó da gente,

Todo cachorro de rua

Para eles são doentes.

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Bebo água no esgoto

E o pior acontece,

Nasce um tal de rabugem

E minha pele endurece,

Caindo todos meus pelos

E ninguém se compadece.

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Quando isso acontece

Ai sim estou ferrado,

Por todo lugar que passo

Sou muito mais odiado,

Só querem me verem morto

Ou sofrimento danado.

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Quando um mendigo me adota

Diminui meu sofrimento,

Eles dão o que não tem

Pois já vivem no relento,

Para um cachorro de rua

A vida é um tormento.

Dorgival poeta

Dorgival poeta
Enviado por Dorgival poeta em 07/04/2019
Código do texto: T6617825
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