APELO
Por Gecilio Souza
Sem os truques da lorota
Com lágrimas por trás do riso
Baterei em sua porta
Sempre que me for preciso
Não sou nenhum vida torta
Aspirando um paraíso
Do fundo da alma brota
O pedido que tanto friso
No caminho há muita grota
Trajeto comprido e liso
Às vezes me dá cambota
O duro solo em que piso
E não force a minha volta
Já ando meio indeciso
Um apelo não é chacota
Por ser feito de improviso
Somente uma alma morta
Ou encantada por Narciso
Me sonegaria uma cota
Do que não é indiviso
Uma fruta da sua horta
Quero coração e guiso
Não festeje a minha derrota
O meu pedido repriso
A consciência lhe exorta
Enquanto insisto no biso
Até o cantar da gaivota
Reproduz o meu aviso
O código da vida anota
No seu primeiro inciso
Se inclua na minha rota
Meu cabelo já está griso
Altere este mundo idiota
Me dê um retorno conciso!