O PÁSSARO CANTADOR E A GAIOLA MALDITA
 
Rouxinol era um pássaro
Que nasceu sem ter irmão
Quando ainda eram ovos
Um caiu, quebrou no chão
Seus pais cantaram lamentos
Em meio a desilusão.
 
Mais Rouxinol resistiu
Chocou e nasceu robusto
Em pouco tempo empenou
Mariscando nos arbustos
Aos poucos virou cantor
Causando aos seus, susto.
 
Logo que bateu as asas
Sentiu tanta liberdade
Voo por entre as florestas
E descobriu as cidades
Com a sua cantoria
Cheio de felicidades.
 
Ficou nessa condição
Entre a cidade e o campo
Tornou-se bem cobiçado
Despertando com seu canto
Aos ferozes da cidade
Cobiçando seu encanto.
 
Além de um belo cantar
Tinha uma bela plumagem
Entre vermelho e azul
Formavam sua carenagem
Cortava o céu com a beleza
E voava com coragem.
 
Viu o seu campo ruir
Matas virando deserto
Violentaram suas terras
Tudo virou campo aberto
A cobiça dos humanos
Deixou de cinzas coberto.
 
Rouxinol então migrou
Do campo para a cidade
Mal sabia que a beleza
Dali trazia maldade
Uma maldita gaiola
Em um inferno que arde.
 
E assim se acostumou
Com o sorriso dos homens
Que se fazem de bonzinho
Sem mostrar cara de fome
Depois se transforma em lobo
Feroz igual lobisomem.
 
E foi assim que tal pássaro
Sentiu-se tão atraído
Se acostumou com os homens
E a eles deu ouvidos
E assim não percebeu
Na gaiola ter caído.
 
Depois que estava preso
Sem ter pra onde voltar
Pois as florestas de antes
Não estava no lugar
Seu voo ficou limitado
Não sabia mais cantar.
 
Assim morreu Rouxinol
Preso naquela gaiola
Mesmo ainda respirando
Nunca mais pode ir embora
Via morrer seus desejos
Morrendo ao passar as horas.
 
O encanto das cidades
E a violência do campo
Faz o pássaro cantador
Ver tolhido o seu encanto
Com as mazelas encontradas
Perde as vozes do seu canto.
 
Quantos pássaros sufocados?
Vivem o êxodo rural
E morrem nessa gaiola
Sufocados pelo mal
Migrando para a cidade
Seu canto de liberdade
Perde o encanto, afinal.
 
JOEL MARINHO
 imagem disponível em:

http://movimentocnm.blogspot.com/2017/04/crueldade-passaro-na-gaiola-nao-canta.html