A FORMAÇÃO DO MAESTRO RAPOSO cap 6
Já se sentindo formado
Raposo então se lembrou
Que essa sua jornada
Sabia onde começou
Mas não o fim do caminho
No Domingo bem cedinho
O sanfoneiro encontrou
O cabra quando lhe viu
Não prestou muita atenção
Era forte, bronzeado
E carregava um caixão
Raposo ficou com medo
Se ele lhe relasse um dedo
Lhe jogava pelo chão
Foi então que se lembrou
Da amizade da loirinha
Que tinha dito o sujeito
É da confiança minha
Viu-se logo corajoso
O sujeito abrindo o estojo
Tirou o fole que tinha
Quando escutou o tinido
Que viu o homem tocando
Procurou logo a orquestra
Que estava lhe acompanhando
Ninguém mais ali se via
Dedo subia e descia
E ele parado escutando
O Raposo perguntou
Como é que eu faço assim
O homem lhe respondeu
Do polegar ao mindim
É preciso que eu lhe conte
Eu bebi daquela fonte
No sertão se faz assim
Basta ir acrescentando
Sétima, nona e o que for
Usando harmonização
Juntando botão e flor
Que nem os cabra do jazz
Vou enchendo os carretéis
Nas escalas dos cantor
Terminando aquele encontro
Disse não quero dinheiro
Mas como tinha aprendido
A ser bom e verdadeiro
Tudo azul da cor do mar
Se dispôs a encontrar
Na Tijuca um companheiro
Marcou pelo telefone
Pra conhecer um talento
Com uma poderosa voz
Muito bom de argumento
Mesmo sem lhe dar motivo
Seu amigo de improviso
Lhe deixou no pensamento