TEJE TEMER

TEJE TEMER!

Miguezim de Princesa

I

Foi o maior puxa-encolhe

Quando a Federal chegou:

- Muito bom dia, senhores -,

Michel os cumprimentou.

- Vou fazer meu toalete,

A minha consorte chamou.

II

- Aguardem-me só um instante,

Logo barbear-me-ei,

Este pijama de seda

No closet guardá-lo-ei,

Largarei esse Viagra,

Porque não precisarei.

III

Aí entrou pro banheiro,

Ficou uma hora sentado,

Da sala ouviam-se um pipoco,

Espremido e estalado,

E um barulho de água

De quem tinha terminado.

IV

Trinta minutos de banho,

Mais vinte se barbeando,

Cinco passando perfume,

Mais cinco se penteando,

E o delegado, com fome,

Já ia se impacientando.

V

O Agente Zé Bidula,

Que se acordou invocado,

Disse em tom de deboche,

Olhando pro delegado:

- Se fosse em casa de pobre,

Já estava tudo lascado.

VI

- A porta já havia caído,

Eu tinha revirado tudo,

Pegava o preso folgado,

Dava mais de um cascudo,

Levava o preso borrado:

- Cala a boca, seu chifrudo!

VII

- À mulher toda dengosa,

Eu diria: não se aperreia,

Pode ir arranjando outro,

Porque o gosto “vareia”,

Esse aqui não volta mais,

Pois é chave de cadeia.

VIII

- Saía com o preso algemado,

Sem que ele levasse nada,

Com o bucho seco, roncando,

A tripa ainda colada,

E, se ele olhasse pra trás:

“Vai em frente, Zé Topada!”.

IX

- Mas como o preso é ilustre,

Fico a esperar aqui,

Que ele obre, faça a barba,

Se encha de patchuli,

Tome leite desnatado

E ainda coma caqui.

X

Quando Michel se aprontou,

Veio à sala de estar

E disse aos policiais:

- Já podem me acompanhar,

Levem-me logo, sem demora,

Que eu não gosto de esperar.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 21/03/2019
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