Cordel sem nexo.
Autor: Daniel Fiúza
19/09/2007
Vejam só que dia lindo
o sol brilhando na noite
nessa fria madrugada
com vento fazendo açoite
numa tarde duvidosa
o verso fazendo prosa
e a rima fazendo acoite.
Quando o grilo faz pernoite
zombando vive na farra
em plena segunda feira
vê trabalhando a cigarra
que vira e mexe o angu
viaja vai para o sul
fazendo tudo na marra.
Mas na fronteira esbarra
por ser menor de idade
com mais de quarenta anos
e cinto de castidade
confessa que é criança
apresentando sua trança
com muita seriedade.
Até uma autoridade
no dia se admirou
de ver tamanha bazofia
que do estrangeiro chegou
falando que vei’ do espaço
causando grande embaraço
no padre que batizou.
A lua alumiou
com seu brilho transparente
afugentado os fantasmas
da casa do intendente
o bicho ficou grilado
com um olho esbugalhado
e o outro impertinente.
Foram chamar o gerente
que era magro e careca
com mais de noventa quilos
brincando com sua boneca
tinha uma trunfa de artista
um ar de nêgo surfista
cabra levado da breca.
Na mesa tinha panqueca
no quarto um lobisomem
o grilo arrependido
tava morrendo de fome
tinha grilo na cabeça
pedindo que o povo esqueça
aquilo que não se come.