Marido traído
Seu João era homem da roça
Era o João roceiro por obrigação
Casado com mulher nova da cidade
Bonita e bem cuidada, uma santidade
Mas como toda moça nova era danada
O que não era segredo pro povão
Mas mantinha a danada no cabresto
Tinha de cumprir seu papel de marido
Levava a mulher, até pra pescar
Dela não podia se descuidar
Porque a cabrita era bonita
E de bodes, estava cheio o lugar
Mas a bonita cansada desta vida
Pediu um dia pra ficar
A cabeça do marido, começava a coçar
Deixou os caseiros todos avisados
Mandou que lhe fossem de perto vigiar
O que não impediu a moçoila de aprontar
Um dia chegou em casa mais cedo
Levando um cravo pra Rosa
Engomado num terno branco
Que nem o trote do cavalo pôde amarrotar
Entrou em casa esbaforido
E pôs-se a chorar
O caseiro saiu voado ligeiro
Ralando na cerca, o traseiro
O corno não se queria segurar
A mulher tinha um olhar matreiro
O corno se punha a pensar
Como Rosa lhe pôde chifrar?
O corno, virado no cão do inferno
Botou o cravo na lapela do terno
A mulher, pelada sorria
Não se conformava ainda
Que o marido lhe pôde pegar!
Surripiou a peixeira, ameaçou se matar
Tenho que ter dois disso, pra lhe satisfazer?
Dizia o corno a apontar
Aquilo de que a mulher atrás corria
Que diabo pensa essa vadia
Que rapariga é essa mulher minha
Não para um segundo na calcinha!