O BÊBADO E A CACHAÇA
Literatura de Cordel
De:
Flávio Cavalcante
I
No boteco do seu Anania
Chico bento de manhã chegava
Nem tinha amanhecido o dia
Todo abestaiado ele ficava
Proque bebo tem essa mania
Pensa que o bar é a casa da tia
Lá ele, bebia e depois acordava
II
Na casa do Chico Bento
Era o maior alvoroço
Sua mulher no descontento
Sem ter amor, carinho e almoço
Por causa de um bebo sem veigonha
Safado de cara lisa e medonha
Vendia toda comida e deixava só o osso
III
Uma mentira tão bem contada
Era rico, fazendeiro e não contestava
Mentia de cara, lambida e lavada
Que todo peste acreditava
Num tique nervoso da brucuta
Era macho com quarqué fio da puta
Que desmentisse a estória que ele inventava
IV
Bêbo fi da bexiga miserento
Falar fiado era o sua cartada
Enrolava sem pena e no talento
Chorava, sorria, cheio de marmelada
Adorava fazer uma muvuca
Depois que a marvada fia da puta
Deixava suas vistas anuviada
V
E pra completar a confusão
Daquele bebum cheio da mangoaça
Sem ter vergonha e nem um tostão
Queria mesmo era fazer arroaça
Pedindo um a outro um dinheiro
Dizendo que era pro seu santo do terreiro
Uma meiota cheia de cachaça
VI
Espalhou chulé pela vizinhança
Quando quis empenhar inté o sapato
Levou tabefe e bofete na festança
Pra deixar de ser grude e carrapato
Apanhou igual pandeiro em Chegança
Depois que transou com uma burra mansa
E roubou o peixe da boca do gato
VII
E foi assim que findou a confusão
Do bêbo só com besteira na mente
Ficou todo inchado de tapão
Sem choro, nem vela e sem os dente
Dormiu sem parente a aderente
Depois que cachaceiro demente
Foi passa à noite dentro do camburão
Literatura de Cordel
De:
Flávio Cavalcante
I
No boteco do seu Anania
Chico bento de manhã chegava
Nem tinha amanhecido o dia
Todo abestaiado ele ficava
Proque bebo tem essa mania
Pensa que o bar é a casa da tia
Lá ele, bebia e depois acordava
II
Na casa do Chico Bento
Era o maior alvoroço
Sua mulher no descontento
Sem ter amor, carinho e almoço
Por causa de um bebo sem veigonha
Safado de cara lisa e medonha
Vendia toda comida e deixava só o osso
III
Uma mentira tão bem contada
Era rico, fazendeiro e não contestava
Mentia de cara, lambida e lavada
Que todo peste acreditava
Num tique nervoso da brucuta
Era macho com quarqué fio da puta
Que desmentisse a estória que ele inventava
IV
Bêbo fi da bexiga miserento
Falar fiado era o sua cartada
Enrolava sem pena e no talento
Chorava, sorria, cheio de marmelada
Adorava fazer uma muvuca
Depois que a marvada fia da puta
Deixava suas vistas anuviada
V
E pra completar a confusão
Daquele bebum cheio da mangoaça
Sem ter vergonha e nem um tostão
Queria mesmo era fazer arroaça
Pedindo um a outro um dinheiro
Dizendo que era pro seu santo do terreiro
Uma meiota cheia de cachaça
VI
Espalhou chulé pela vizinhança
Quando quis empenhar inté o sapato
Levou tabefe e bofete na festança
Pra deixar de ser grude e carrapato
Apanhou igual pandeiro em Chegança
Depois que transou com uma burra mansa
E roubou o peixe da boca do gato
VII
E foi assim que findou a confusão
Do bêbo só com besteira na mente
Ficou todo inchado de tapão
Sem choro, nem vela e sem os dente
Dormiu sem parente a aderente
Depois que cachaceiro demente
Foi passa à noite dentro do camburão