POIS TUDO NA VIDA MELO

Como ministro Supremo

Daqui de cima da torre

Em senador dou esporro

Deputado eu espremo

Nada neste mundo temo

Do alto desse castelo

Mesmo só tendo dois elos.

Transformo mulher em homem

Meto medo em lobisomem

Pois tudo na vida Melo

Do homem faço mulher

Com meus poderes infinitos

O feio transformo em bonito

Na água ando em pé

Feito o filho de Nazaré

Quando bato meu martelo

Transformo Grande Otelo

Em belo galã Global

Desfilando no carnaval

Pois tudo na vida Melo

Lâmpada faço pra Aladim

Fabrico barca pra Noé

Crio próstata em mulher

Menstruação em Idi Amim

Tiro coceira de saguim

E Deus boto no chinelo,

Tocando meu violoncelo,

Rapidez em tartaruga

Inteligência em portuga

Pois tudo na vida Melo

Curo com penicilina

Aides, sarampo, diabetes

Conta muito mais que Ivete

E ninguém me recrimina

Bebo café com cocaína

O Evereste nivelo

Com uma régua e cutelo

Mando prender até Zeus

Árabe caso com judeu

Pois tudo na vida Melo

Pra escutar presidente

Não preciso de um grampo

Boto luz em pirilampo

Que ilumina o continente

Do oriente ao ocidente

Crio tubarão com farelo

Com um batalhão duelo

Engravido jacaré

Futebol ensino Pelé

Pois tudo na vida Melo

Faço chover para cima

Silencio até trovão

Boto chifre em Napoleão

Namorando Josefina

Sem medo de guilhotina

Pênis torna-se pinguelo

Meto medo no Flagelo

Nada sem ter meu aval

É possível, ou real

Pois tudo na vida Melo.

Tudo por aqui decido

Botei chifre no Satanás

Monto até no ferrabrás

Não respeito sustenido

Que cadáver dá gemido

Goiabada de marmelo

Faço até com cogumelo

Monto em leão feroz

Do amazonas barro a foz

Pois tudo na vida Melo.

Puno até Prometeu

Quando visto meu enxoval

Torno-me ser imortal

Não pago nem a Zaqueu

No mundo tudo é meu.

De Deus sou seu flagelo

Até o pé grande pelo

Capo mosca, muriçoca

Metrô cavo com minhoca

Em tudo meto o martelo

Pois tudo na vida Melo.

Com meus poderes eternos

Casso liminar de Deus

Tudo que ele Prometeu

Digo quando tem inverno

Se você for para inferno

Sua condenação cancelo

Qualquer recurso atropelo

Livro também do purgatório

Porque lá sou bem notório

Pois tudo na vida Melo

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, MARÇO/2019