A SAGA DO GATO SECO

A SAGA DO GATO SECO

Miguezim de Princesa

I

A caminho do trabalho,

Resolvi parar num beco,

Onde ficava um chaveiro,

Tinha uma montanha de esterco

E, bem em cima da tuia,

Um feioso gato seco.

II

Eu fiz a cópia da chave,

Mas, quando fui me virar,

O gato seco pulava,

Dando pinote no ar,

Ficou fazendo munganga,

Querendo me atrasar.

III

- Esse gato é uma comédia -,

Me disse o dono de um bar

Que fica ali bem em frente.

- Ele vive a presepar,

Desencaminha as gatinhas

Que encontra em cada lar.

IV

- Também se transforma em gente

E passeia de bar em bar,

Escarrando pelo chão,

Bebe sem querer pagar,

Só argumenta xingando,

Porque só sabe brigar.

V

Um dia levou uma facada

No Buraco do Tatu,

Porque tomou a marmita

Do colega Zé Mandu

E perseguiu mais de dois

No posto da Asa Sul.

VI

Foi expulso do Beirute,

Porque um quibe pegou;

Alencar da Embaixada

Do Piauí se arretou,

Lhe tomou um chambaril

Que ele quase carregou.

VII

Gato Seco foi corrido

Dos bares da região:

É chato e bebe fiado,

Só arruma confusão,

Sujou a sopa de um cabo

Dentro do Bar do Pirão.

VIII

Uma noite, na 106,

O Gato Seco, meio grogue,

Na Rua da Igrejinha,

Ficou treinando badogue

E discutiu com uma repórter

Na fila do hot dog.

IX

O caderno de fiado,

Que ele deixou em Osmar,

Tinha Campari e espetinho,

Rabada, bucho e jabá,

Foi um abalo tão grande

Que Osmar fechou o bar.

X

O gato mordeu o pé

Até de um deputado,

Por isso sofreu a pena

De ter o rabo cortado,

Vive agora na reserva,

Presepando, aposentado!

 

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 22/02/2019
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