O DRAMA HUMANO
Por Gecilio Souza
Sou um organismo perdido
Neste universo gigante
Sou um sistema resumido
Um microcosmo ambulante
O meu ser é indefinido
Ante o macro é irrelevante
Quiçá eu tenha surgido
De uma mutação constante
Vivo buscando o sentido
Deste lance intrigante
Se me fosse respondido
Seria um feito fascinante
Vou me movendo iludido
Quem sabe para diante
Para trás estou impedido
Pois o tempo é galopante
Aos lados me é permitido
Mas andarei titubeante
Mesmo com o cenho franzido
Vou indo cambaleante
A cada passo um gemido
Já respiro ofegante
O meu corpo enfraquecido
Pede um leito a todo instante
O sangue desabastecido
Reivindica algum calmante
Deste lugar não escolhido
Sou apenas um ocupante
Logo serei substituido
Pelo miserável lactante
O meu vigor foi consumido
Na caminhada desgastante
Com o coração ferido
E a mente vacilante
Não posso estar arrependido
Do que não fui optante
O medo tem me conduzido
E nada mais me garante
O meu ser está desvalido
Não consigo ir avante
Quero um colchão estendido
Cansei de ser viajante
Você também está incluído
Neste antropológico restante.
G. S.