Pra mulher que vestia a cor do céu
Meu canto e verso vem do nosso chão
Lavradeia no campo e beira o rio
Sobe a serra e desce o vento assobio
Corta estrada no calor do verão
Faz da rima beleza do rincão
Brota quente que nem o fogaréu
E chuvisca da noiva pelo véu
No traço as matas que já caminhei
Das histórias que um dia contarei
Pra mulher que vestia a cor do céu.
A sonata que brilha pela corte
Cantoria que vem logo em seguida
Vêm mostrar-me o momento da pedida
Revelando esse meu lance de sorte
Pois trovões já coriscam no meu norte
Com passagem pra ilha de Bornéu
Mas esqueço de ter o meu chapéu
E faíscas fagulham meu castelo
Vou rimando meu verso num martelo
Pra mulher que vestia a cor do céu.
A estrela me vê um pouco distante
Mas seu brilho ilumina meu caminho
E num trisco eu estou aqui sozinho
Vendo por um momento em diante
O azul tão sereno tão brilhante
E escrevo meus versos como um réu
Condenado por um velho troféu
Que perdi numa aposta de outrora
Mas enfim posso ler na minha hora
Pra mulher que vestia a cor do céu.