Ainda ontem chorei de saudades

Ainda ontem chorei de saudade.

Saudade de minha mãe,

Saudade de meu lugar,

Saudade dos passarinhos que sempre cantavam lá.

Saudade da meninada, meus primos a se criar

Naquele sertão verdim, verdim de encandear.

Saudade daquelas grotas onde ficam a escorrer

As águas que vem da chuva pra terra toda embeber.

Saudade da fantasia que tinha meu coração

De pensar que minha prima era o meu amorzão.

Saudade das borboletas voando sobre o capim

Saudade doce saudade que flue dentro de mim.

Saudade de acordar e pra mamãe eu correr

Sair de seu doce abraço e depois ir me benzer.

Saudade de meus irmãos brincando no tabuleiro

Durante todo o ano de janeiro a janeiro.

Saudade da buruaca que nossa mamãe fazia

Era gostosa, embora, às vezes dava asia.

Saudade do seu Bastião quando no inverno ia

Morar no doce sertão pra minha grande alegria.

Saudade sinto do cheiro do chão molhado também

Que exalava da chuva, cheiro que fazia bem.

Saudade do meu quintal do milho verde a crescer

E das espigas assadas pra meninada comer.

Saudade da casa velho que o bisavô construiu

E que com a simplicidade no eterno amor nos uniu.

Saudade do rouxinol que no inverno morava

No oco de uma forquilha que a casa sustentava.

Saudade de uma abelho que no caibro ela fazia

Sua casinha de barro pra pôr sua filharia.

Saudade do cacimbão do banho de meio dia

Quando o calor era forte e que nunca arrepia.

Saudade eu sinto também de cada uma brincadeira

Que a gente brincava bem na vida sem ter besteira.

Saudade da chuva forte e do banho no lamaçal

Na biqueira me molhava mesmo até com vendaval.

Saudades sinto saudades de brincar de cai no poço

De tirar uma menina e beijá-la no pescoço.

Saudade desses namoros desfaçado em brincadeira

Quando o coração floria uma paixão verdadeira.

Ai que saudade da minha vida de menino.

CARLOS JAIME
Enviado por CARLOS JAIME em 31/01/2019
Código do texto: T6563620
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