O Pastor alcoviteiro
Um pastor alcoviteiro
Fazedor de casamento
Abrandador de marido
Amansador de jumento
Afamado no local
Afastava todo mal
E dissipava o tormento
Certo dia lhe trouxeram
Um casal a sua presença
A mulher por despreparo
Fez a Nestor uma Ofensa
Lhe traiu com Juvenal
Começou lá no quintal
E terminou na despensa
Convidaram os dois casais
Envolvidos na história
Pra que houvesse o perdão
E a exclusão na memória
As tias todas orando
Gritando forte chorando
Dizendo alto: oh glória!
E naquele labassé
O ai ai ai era tanto
Todo mundo comovido
Banhado o rosto de pranto
O Pastor Nelson Aranha
Falou em língua estranha
Uma espécie de canto:
Labaxária, labaxúria
Labaxúria, labaxai
Quem tá morto não tá vivo
Quem tá vivo perdoai
Meu irmão não desespere
Ore um pouco e espere
Que já já o chifre cai
O traído abriu os olhos
Não achou isso legal
De repente ele acordou
Da lavagem cerebral
Derrubou mesa e cadeira
Fez a maior quebradeira
Foi logo descendo o pau
As velhas todas gritavam
Pulavam pela janelas
Outras saiam mancando
Hematomas nas canelas
O pastor todo quebrado
Teve o fêmur fraturado
A bacia e as costelas
E o tal do Juvenal
Que também entrou na peia
Teve o baço perfurado
Três artérias e uma veia
E para o tal do Nestor
Além do chifre restou
Doze anos de cadeia*.
* É uma mera ficção a história e os nomes citados.