DESESPERO DO CHICO

Rio Chico sofre na guerra

Insana, velhaca e ingrata

Que de pouquinho lhe mata

Minérios jogados da terra

Condena à morte a pastagem

Sua água doente e cansada

Deixa-nos triste mensagem

Carrega no leito detritos

Sem vida e na ribanceira

Apelam frágeis aos gritos

Os familiares aflitos

Com a esperança vazia

Procuram um Zé Pereira

Que não voltou nesse dia

Desespero viaja ao vento

Olhares retratos de dor

É penetrante o tormento

Infinito o sofrimento

O jeito é jogar uma flor

A quem lutou como um bravo

Branco e derradeiro cravo

Segue o rio todo ferido

Em dois lados dividido

Num o sonho é vendido

Lá está o fim da pobreza

Acreditam e logo depois

Resta somente a certeza

Dura igualdade nos dois

Velho Chico antes fosse

Riachinho, mero afluente

Talvez não padecesse doente

Levasse sua água doce

Como eterna miragem

No trajeto de sua viagem

Não houvesse mortal barragem

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 27/01/2019
Código do texto: T6560730
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