O Amor de Carliano e o Grande Dragão da Morte
Caro leitor lhe convido
Neste cordel que inicia,
Pra irmos juntos a o mundo
Onde tudo é poesia!
Da mente faça um navio
Para navegar no rio
De aventura e fantasia.
Tudo começou no tempo
Que reis antigos reinavam,
Para possuir donzelas
Os cavaleiros lutavam,
E os dragões grandiosos
Mesmo sendo perigosos
Livremente passeavam.
Em uma cidade alegre
Do país de Tempostéia
Habitava Carliano,
Um rapaz de boa ideia
Apaixonado por ela,
A mais bonita donzela
Que tinha o nome de Léia.
Léia era uma das filhas
Do rei que a cidade tinha,
Sendo assim uma princesa
Pronta pra governar vinha.
Com a tradição mandando
Ela com um príncipe casando
Se tornaria, rainha.
Já Carliano era pobre
O puro rapaz donzelo.
Nunca possui fortuna,
Não combateu em duelo,
Nem guerreou como fera
Pois a sua função era
Limpar o chão do castelo.
Ele sempre via Léia
Com seu bonito vestido,
Cada sorriso que dava
Por ela retribuído,
Dos olhares que trocaram
No castelo iniciaram
Um grande amor proibido.
Encontravam-se escondidos
Assim a vida propôs,
Mas caso o rei descobrisse
O que passava entre os dois!
Tirava dela o conforto
E ele seria morto
Na guilhotina depois.
Ele era o felizardo
Com motivos para sorrir,
Todos cobiçavam Léia
E a queriam possuir,
Carliano apaixonado
Tinha Leia do seu lado
Mas não podia assumir.
Assim o tempo passou
E o amor fortaleceu
Os laços de um com o outro,
Mas veja o que aconteceu:
De uma doença dura
Praticamente sem cura
A princesa adoeceu.
O rei levou a princesa
A casa de um ancião
Pra que ele a consultasse
Procurando solução
Pra deter num alto nível
Essa doença terrível
Que lhes causava aflição.
Em frente à casa do velho
Nobres tomaram espaço,
O rei bateu duas vezes
Na porta com o próprio braço
Disse o velho a realeza:
“Entrem meu rei e princesa
Que eu irei ver o que faço”.
O Velho ancião mexeu
Num caldeirão de marfim
Jogou pós, olhou no fundo
E no final disse assim:
“Trabalhei com todo empenho,
Por isso notícias tenho,
Uma boa e outra ruim”.
O rei disse: “ então me diga
O que o caldeirão nos traz”
O velho disse: “ a doença
Tem cura para os mortais,
Agora a notícia dura,
Para consegui a cura
É perigoso demais. ”
-Para fazer o remédio
Preciso da flor do Norte,
Cinco gramas de poeira
Da ventania mais forte,
E o pior ingrediente!
Raspa do dente da frente
Do grande dragão da morte.
O rei ficou espantado
Com o que o velho falara!
Como arrumar a poeira
E a flor do Norte tão rara?
Qual o cavaleiro forte
Com o grande dragão da morte
Ficaria cara a cara?
Léia ficou mais doente
E o sono foi sua algema
O rei a levou nos braços,
A pôs na torre suprema
Desceu ao trono que havia
Pensando no que faria
Pra resolver o problema.
Carliano no castelo
Já desesperado estava
Porque não tinha notícias
Da mulher que tanto amava,
Sem lhe esquecer um momento
De dia ficava atento
E a noite lhe procurava.
No outro dia trombetas
Tocaram em Tempostéia
A praça lotou depressa
E disse o rei a plateia;
“Procuro neste lugar
Alguém que possa lutar
Por nosso reino e por Léia! ”
“Preciso de alguém valente
Que tendo coragem vá
Trazer do dragão da morte,
Um dos seus dentes pra cá!
Por nossa princesa amada
Quem fizer esta empreitada
Com ela se casará! ”
“Também preciso que tragam
O pó do vento que grita,
A flor que só tem no Norte
Sendo a mais rosa e bonita!
Já dizia um livro antigo,
Tudo tem no mesmo abrigo
Que o grande dragão habita. “
Todos sabiam que essa
Jornada seria incrível
Porém ficar frente a frente
Com aquele dragão terrível,
Sanguinário e impulsivo
Voltar pra cidade vivo
Seria quase impossível.
Carliano ao escutar
Gritou bem alto; “Eu ireeeiii
Lutar por nossa princesa
E pelo reino, meu rei,
Matarei a criatura
Léia terá sua cura,
Com ela me casarei! ”
Ali todos se espantaram
Com Carliano empolgado
O povo até comentava:
“O faxineiro coitado?!
Quando encontrar o dragão,
Num sopro vira carvão
Depois disso é devorado”
Carliano foi ao rei
Que lhe entregou uma espada,
Um escudo, um bom cavalo
E uma armadura dourada.
Todos ficaram lhe olhando
E ele saiu cavalgando
Para salvar sua amada.
Assim passou trinta dias
Sobre o seu cavalo forte,
Descansou em poucas noites
Na sua jornada ao norte,
Subiu no topo de um monte,
Assim viu ao horizonte
O grande vale da morte.
O vento bateu no rosto
Sem trazer a brisa pura,
Desceu do cavalo grande,
Ao ver a caverna escura
Sua mão fica gelada,
Em cada passada dada
Em busca da criatura.
Assim que entrou na caverna
Começou um vendaval,
Carliano abriu um frasco
E ergueu naquele local
Se segurando num canto
Conseguiu colher um tanto
Da poeira especial.
Na tal caverna sombria
Caminhou mais um pouquinho,
Até que chegou a um ponto
Que viu o dragão sozinho
Havia chamas na cara
E a flor do Norte tão rara
Nascida sobre o seu ninho.
Era um dragão perigoso
Gigante como uma serra,
Quando o pé movimentava
Fazia tremer a terra
No seu corpo havia escamas
E a boca soltava chamas
Como armamento de guerra.
Nosso herói mesmo com medo
Não pôde ficar parado
Na mão botou a espada
E o seu escudo de lado
Andava com atenção
Em rumo ao grande dragão
Que estava no chão deitado.
Descendo uma parte alta
Numa pedra escorregou
Das paredes da caverna
O pedregulho soltou
E ele caiu de vez,
Com o barulho que fez
A grande fera acordou.
Quando o dragão acordou
Vendo o homem tão miúdo
Soltou fogo da garganta,
Carliano com o escudo
Se defendeu certamente
Fora ele, em sua frente
O fogo consumiu tudo.
Carliano então correu
Rumo a um lugar mais estreito
Pra se livrar do dragão
Se esforçou, mas foi sem jeito!
O dragão lhe perseguindo
Soltou mais fogo atingindo
Seu tornozelo direito.
Nosso herói então caiu
Sentindo a carne doída
Na perna faltando um pé,
Estando aberta a ferida,
A fera se aproximando
E Carliano falando:
“Minha luta está perdida”.
Aí pegou a espada
A ergueu sem ver motivo
Refletindo ela no olho
Do monstro tão agressivo
Fechou os olhos então
Para não vê o dragão
Engolir seu corpo vivo.
A fera se preparou
Sem a menor compaixão
Porém a espada estava
Bem na sua direção
Quando a cabeça baixou
A ponta da espada entrou
Na garganta do a dragão.
Carliano abriu os olhos
E viu o que aconteceu
Que a forma que segurou
A arma, lhe protegeu
E o dragão naquele canto
Acabou sangrando tanto
Que foi ao chão e morreu.
Olhando o dragão caído
Sem soltar seu fogo ardente,
A espada ensanguentada
Ele puxou novamente
Como ordenada era
Tirou da boca da fera
A grande presa da frente
Ele então pegou um laço
E amarrou na canela,
Pôs a flor dentro de um saco,
Se arrastou, subiu na sela
Sentindo felicidade
Voltou pra velha cidade
Que estava sua donzela.
Quando chegou a cidade
Todo mundo se espantou!
Velhos gritavam bem alto;
“Nosso guerreiro voltou!!!”
Cantavam, crianças riam
E as mulheres diziam;
“O Carliano escapou! ”
O rei disse; “ Carliano!
Retornou a nossa sé!
Vejo que voltou ferido,
Vamos ao velho da fé!
Ancião de Tempostéia
Trazer a cura pra Léia
E dar um jeito em seu pé. ”
Assim foram cavalgando
Pois andar não tinha jeito,
Na porta do ancião
O rei bateu satisfeito
Levando um saco graúdo
Para poder fazer tudo
Que deveria ser feito.
O Ancião pegou tudo
Que veio de tão distante,
A poeira da caverna,
O grande dente brilhante,
Mas a flor que foi trazida
Ficou num canto esquecida
Sem parecer importante.
Carliano perguntou;
“E a flor com tanta beleza? ”
O ancião então disse;
“É um troféu por braveza!
Plante-a num lugar propício
Pra lembrar do sacrifício
Que fez por nossa princesa”.
O remédio então foi feito
E ali naquele segundo,
Carliano foi a torre
Alegre e meditabundo,
Com o licor, tendo a certeza
De acordar a princesa
Que estava em sono profundo.
Ele entrou na alta torre
Do castelo soberano!
Lá encontrou a princesa
Adormecida num pano,
Pra ela o licor foi dando
E ela acordou olhando
Pra o rosto de Carliano.
Disse a princesa; “querido,
Você salvou minha vida.
O seu pé está faltando!
Sua perna está ferida!
Mas ele lhe disse assim;
Eu perdi parte de mim,
Mas ganhei você, querida. ”
Assim Léia se curou!
Nada da doença resta,
E Carliano trocou
Aquela função modesta
De viver limpando o chão,
Por matador de dragão
Deixando a cidade em festa.
Um busto do grande herói
Foi colocado no porto,
Um grande troféu virou
O dente da fera torto,
E a flor do Norte com graça
Ficou plantada na praça
Lembrando do dragão morto.
O rei acabou morrendo,
Foi enterrado em Nicéia.
Carliano se casou
Com sua adorada Léia,
Continuaram se amando
E ficaram governado
O reino de Tempostéia.
Tomara que este romance
Fique na sua memória,
Espero que nessa saga
De aventura e vitória,
Que você tenha gostado,
Por ter o lido, obrigado!
E até a próxima História!
(Como sabemos, a literatura de cordel tem a liberdade de usar a linguagem coloquial e a norma culta e muitas vezes, ambas no mesmo texto. espero que gostem!)