MINHA ALMA MATUTA FI GERA NAS ENTRANHAS DO VENTRE DO SERTÃO

Mesmo não sendo nato sertanejo

Amassei barros pra fazer tijolo;

Briguei por resto da massa do bolo,

Dividindo até mesmo o sobejo.

Comprava-se cigarro no varejo.

Palmatória ensinava-nos lição.

Mas até mesmo um simples carão,

Doía mais do que uma palmada.

Minha alma matuta foi gerada

Nas entranhas do ventre do sertão.

Estudei à luz de vela e lamparina.

Uniforme escolar obrigatório,

E não tinha merenda ou refeitório.

Muito menos havia uma cantina.

Não se tinha maionese, margarina.

E de trigo só se conhecia pão.

Rapadura, arroz, muito feijão

Era nossa comida mais sagrada.

Minha alma matuta foi gerada

Nas entranhas do ventre do sertão.

Mote: Valdir Teles e João Paraibano

Glosa: Henrique César Pinheiro

FORTALEZA, JANEIRO/2019