Acertando as contas pela teima

Nem pendurado pelo rabo

Eles hão de me calar

Mesmo que cortem minha goela

Me impeçam de respirar

Ainda assim darei um jeito

De lhes faltar com respeito

Pra poder me escutar

Porque quem não respeita

Não merece bom tratamento

Deve levar dedo nas ventas

Pra deixar de cabimento

Sapeco logo tudo nos peitos

Pra aprender a falar direito

Com quem odeia comprimento

Sou direto no que falo

Porque tenho a língua solta

Totalmente desaforado

Pra encarar qualquer pessoa

Pode ser o mais brado

Que não costumo trancar o rabo

Para quem pensa que me acoa

Valei-me santo Expedito

De causas sem solução

Porque mato e bebo o sangue

Mas calado, eu não fico não

Sou pimenta malagueta

Não sou de entrar em treta

Para apenas pedir perdão

Sou mesmo de roer o juízo

Do filho da égua parida

Que conta uma vantagem

Mas vive atrás de guarita

Não tem coragem de um rato

Não passa de um homem pato

Direto com dor de barriga

Pra me ver sem dizer nada

Precisa cortar minha língua

Arrancar todos os meus dentes

Passar na garganta uma lixa

Me fazer engolir muito capim

Fazer pacto com o coisa ruim

Me pegando por traição na briga

Mesmo assim eu não me calo

Falo com o canto dos olhos

Resmundo com os meus dedos

Envergando que nem anzóis

Se assim não der certo

Eu só vou contar o resto

Quando estivermos a sós.

Marcus Vinicius