A ESCOLINHA E A PROFESSORA.
Eu não sou analfabeto
Eu sei ler e escrever
Sei fazer meu nome certo
E tenho gosto em dizer
Que conheço as vogais
Consoantes tudo mais
E que fui bom estudante
Respeitei minha tutora
Ganhei dez da professora
Eu não sou ignorante.
Posso dizer: sou letrado
Do inicio ate o fim
E já fui elogiado
Na folha do boletim
Fui também competitivo
Mais nunca deixei motivo
Para ser desrespeitado
Não aceito nem tolero
Essa tal de nota zero
Que marca o reprovado.
Fiz tudo para aprender
O que eu não conhecia
Eu não joguei pra perder
Aquilo que merecia
A preguiça que enjaula
Não me fez perder a aula
Da fé que me deu tutano
Dessa fé eu me fiz uno
E assim fui bom aluno
Sem nunca perder o ano.
Fui também um bom colega
E fiz boas amizades
Quem é do bem se apega
A frutificar bondades
Assim eu fiz o repasse
Dentro de uma classe
Onde tudo foi fraterno
Na estrada de aprendiz
A seta foi o mesmo o giz
O mapa foi meu caderno.
E se fosse perguntado
O sujeito da oração
Eu respondia rosado
"O sujeito é o João"
E quem foi que inventou
O objeto que voou?
Eu respondia no tom;
"Por certo foi o primeiro
O inventor brasileiro
Alberto Santos Dumont."
A professora bondosa
Olhando pra nos dizia:
Vamos deixar de prosa
Me digam com garantia
Esta planta da parede
Tem caule e folha verde
Quem souber entre na fila;
Como chama o processo?
Eu gritava com sucesso
É a tal da clorofila.
O meu tempo de escola
Foi como um sonho feliz
No recreio joguei bola
De um pouco tudo eu fiz
Quando voltava pra casa
Minha mãe quente da brasa
Do fogão lá cozinha
Me servia em destaque
Feijão e carne de charque
Almoço melhor não tinha.
No meu caderno barato
Grafei um pequeno verso
Que revelava um fato
Que só eu tinha acesso
Porem sentia vergonha
Mais todo menino sonha
E eu sonhei comovido
Em seis linha em segredo
Escrevi com muito medo
Meu versinho escondido.
Quem ensinou o que sei
Talvez se lembre de mim
Corrigiu onde errei
Foi comigo ate o fim
Sem a minha professora
Tão terna e protetora
Meu rumo seria em vão
Pois sem o conhecimento
Por certo neste momento
Não teria profissão.
Porem o tempo passou
Tão depressa que nem vi
O que foi doce acabou
E eu sei querer cresci
Agora só a lembrança
Do meu tempo de criança
E a falta roedoura
Da escolinha da gente
E dum amor inocente
Pela minha professora.