8 PÉS DO QUADRÃO
Não tem cordel sem ter rima
Nem guerreiro sem esgrima
Nem abaixo sem acima
Cangaço sem Lampião
Nem macumba sem galinha
Não vi trem fora da linha
E nem rima como a minha
Nos oito pés do quadrão.
Não há casa sem cozinha
Nem receita sem salsinha
Nem reinado sem rainha
Nem círio sem procissão
Não há linha sem novelo
Desfile sem ter modelo
E cabra que eu não vencê-lo
Nos oito pés do quadrão.
Não há braço sem cotovelo
Nem perna sem tornozelo
Nem corcova sem camelo
Nem rodeio sem peão
Nem deserto sem areia
Nem festa sem mulher feia
Cantador sem levar peia
De mim nos oito a quadrão.
Não há vitória sem peleia
Pangaré que corcoveia
Nem missa sem santa ceia
Nem nordeste sem verão
Nem carro sem gasolina
Nem boate sem menina
Não há quem não desafina
Pra mim nos oito a quadrão.
Não há trabalho sem rotina
Nem padre sem ter batina
Nem ballet sem bailarina
Nem viajante sem gibão
Não há roça sem enxada
Nem polícia desarmada
Sem a rima apropriada
Não vence os oito a quadrão.
Não há noite sem madrugada
Nem Espanha sem tourada
Nem campo sem arquibancada
Poeta sem inspiração
Não há Brasil sem bandido
E nem amor sem gemido
Nem cantador atrevido
Pra me enfrentar no quadrão.
Não há noiva sem vestido
Nem jardim sem ser florido
Nem dever sem ser cumprido
Nem Gonzaga sem baião
Não há doutor sem escola
Nem mendigo sem esmola
Quem não leve show de bola
De mim nos oito ao quadrão.
Não há terreiro sem angola
Estrada sem quebra-mola
Cozinha sem caçarola
Nem prece sem oração
Nem Barcelona sem Messi
Nem professor sem estresse
Nem homem que compusesse
Igual a mim no quadrão.
Não há fogo que não aquece
Nem rendeira que não tece
Menino que não adoece
Nem domingão sem Faustão
Não há pai despreocupado
Não tem quartel sem soldado
Nem cantor desafinado
Que eu não vença no quadrão.
Não tem homem sem passado
Nem vida sem ter destino
Nem folga pra nordestino
Nem pobre pra ser folgado
Não há corpo mais desejado
Que um corpão violão
Nem política sem ladrão
Nem moleque sem lombriga
Não há poeta que não diga
Biol é dez no quadrão.
Parodiando