A TAGARELICE

Por Gecilio Souza

É o cérebro que controla

O desenfreio verbal

A boca não possui mola

Para ajustar seu arsenal

Inventa, mente e enrola

Corta ao modo do punhal

À lei da prudência viola

Em tagarelice sem igual

Com a fofoca se consola

Por falta de cabedal

Ou a razão toma a bola

Ou tudo se acaba mal

A fofoca é como argola

Feita do pior metal

Quando quebra não se cola

Causa dano ambiental

E o fofoqueiro se atola

Em seu próprio lamaçal

Mente tanto que se isola

Mas acha que é normal

É um papagaio de estola

Perdido no cipoal

Não tem nada na cachola

Só malícia no plural

A língua é uma pistola

Que cospe fogo letal

Cada olho é uma bola

Girando na transversal

Nas pálpebras uma sacola

Em forma de saco escrotal

Lembra a botija de sola

Feita do couro animal

O fofoqueiro é um gabola

E se considera o tal

Vive preso na gaiola

Do seu mundo ideal

A própria fofoca o degola

Sem regras e sem ritual

Como óleo na caçarola

Se queima junto com o sal

Todo tagarela assola

A convivência social

Porque ele próprio imola

A credibilidade pessoal

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 08/12/2018
Código do texto: T6522242
Classificação de conteúdo: seguro