A TAGARELICE
Por Gecilio Souza
É o cérebro que controla
O desenfreio verbal
A boca não possui mola
Para ajustar seu arsenal
Inventa, mente e enrola
Corta ao modo do punhal
À lei da prudência viola
Em tagarelice sem igual
Com a fofoca se consola
Por falta de cabedal
Ou a razão toma a bola
Ou tudo se acaba mal
A fofoca é como argola
Feita do pior metal
Quando quebra não se cola
Causa dano ambiental
E o fofoqueiro se atola
Em seu próprio lamaçal
Mente tanto que se isola
Mas acha que é normal
É um papagaio de estola
Perdido no cipoal
Não tem nada na cachola
Só malícia no plural
A língua é uma pistola
Que cospe fogo letal
Cada olho é uma bola
Girando na transversal
Nas pálpebras uma sacola
Em forma de saco escrotal
Lembra a botija de sola
Feita do couro animal
O fofoqueiro é um gabola
E se considera o tal
Vive preso na gaiola
Do seu mundo ideal
A própria fofoca o degola
Sem regras e sem ritual
Como óleo na caçarola
Se queima junto com o sal
Todo tagarela assola
A convivência social
Porque ele próprio imola
A credibilidade pessoal