PAZ INQUIETA
Por Gecílio Souza
Densos raios do infinito
Cruzaram o meu universo
Luzeiro pujante e bonito
Metafisicamente excelso
Luz e trevas em atrito
Num transcendental processo
As verdades em conflito
Em um mundo submerso
Na hegemonia do mito
E na crença em excesso
Contrapor-se ao veredito
Do determinismo perverso
O filosofar é irrestrito
Não há nichos sem acesso
Se a dúvida for um delito
Delituoso me expresso
Fujo deste mundo esquisito
Mas a ele me regresso
Desperto-o com o meu grito
Interrompo o seu recesso
De coisa alguma sou perito
Tampouco almejo sucesso
Só a sofia tem gabarito
No seu campo peço ingresso
Pensar é escutar o não dito
E transpor o abscesso
Pressuposto e requisito
Para a ideia de progresso
Mas este planeta que habito
Flerta-se com o retrocesso
Tenho afirmado e escrito
Seja em prosa, seja em verso
E neste poema repito
Que sou rebelde confesso