PEGAR PRA CAPAR NA CÂMARA
PEGA-PRA-CAPAR NA CÂMARA
Miguezim de Princesa
I
Na Câmara Legislativa,
Foi a maior baixaria:
Um chamou outro de louca,
Houve choro e gritaria,
Uma bolinha de papel
Quase derruba Luzia.
II
Um homem lá do Recanto,
Que coçava uma frieira,
Se levantou de repente,
Ficando em pé na cadeira,
E xingou a deputada
De “cabeluda estradeira”.
III
- Seu filho de uma ronca e fuça! -,
Devolveu a deputada,
Que amarrou o cocó
E partiu para a mãozada,
Cezinha estava assistindo:
- Arrocha a peia, cambada!
IV
Discutia-se uma tal de LUOS,
Que do solo ordena o uso,
Muitos grileiros de olho
Com a trena do abuso,
E a comissão da propina
Integrando o tudo incluso.
V
Enfiaram na proposta
Negócio proposital,
Discursava a deputada
Em nome da capital:
“A proposta é assim mesmo,
Etecetera e coisa e tal”.
VI
Foi quando jogaram uma bola
De um papel de enrolar pó,
A deputada, valente,
Disse: “O diabo tenha dó”,
Partiu pra cima do cabra
E amarrou o cocó.
VII
Meteu uns quatro bofetes,
Que acertaram o pé do ouvido,
Só se ouvia no plenário
Sair a voz do gemido,
O cabra se borrou todo,
Foi o maior alarido.
VIII
Foram atrás dos comandantes
Pra resolver o conflito,
Nenhum estava em Brasília,
Um soldado deu um grito:
- Eles estão de abono
Em São José do Egito!
IX
Quebraram o pé de Erlex,
No meio da confusão,
Ele disse: “Agora, vai,
Eu quero indenização!”,
Mas quem deu-lhe a cacetada
Foi Antenor do Varjão.
X
No canto de uma parede,
Um sujeitinho mofino
Dizia que os deputados
Saíram todos de fino:
Que, na hora de falar,
Só se ouve paladino;
Mas, na hora de brigar,
O homem vira menino
E quem amarra o cocó,
Dá soco até em cotó,
Só mesmo é Telma Rufino.