O FALCÃO DO REI

Certa vez, um rei ganhou

Dois filhotes de falcão

E, de pronto, contratou

Na citada ocasião

Um treinador pra lhes dar

A necessária instrução.

Para sua frustração,

Aplicado o treinamento,

Um dos bichos não saiu

Do galho em nenhum momento.

Ninguém sabia a razão

De tal acontecimento.

Todo dia, o alimento

Precisava ser levado

Para aquele animalzinho

Que ficava ali parado,

Sem querer voar, portanto,

Totalmente acomodado.

O rei ficou preocupado,

Convocou especialistas

Que, não resolvendo o caso,

Declararam, pessimistas,

Não saberem qual a causa

Das condutas ali vistas.

Sem outra saída ou pistas,

O rei lançou um decreto.

Pagaria recompensa

A quem cumprisse o projeto

De fazer, enfim, voar

Aquele bichinho quieto.

Na manhã seguinte, o teto

Do palacete real

Tinha um novo visitante:

Era o pássaro, afinal.

Dali voou pro jardim

Imponente e maioral.

Disse o rei ao pessoal:

- Quem fez essa caridade?!

Veio um velho camponês:

- Fui eu mesmo, majestade!

Mas eu garanto, senhor,

Não tive dificuldade!

- Querido rei, na verdade,

Foi a minha iniciativa

Somente cortar o galho

Porque, sem alternativa,

O falcão alçou seu voo

Na primeira tentativa.

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* Adaptação de parábola.