Amor de sertão
Amor de sertão
Não tinha oceano nem tinha sereia
Não tinha o barulho das águas do mar
Nem mesmo um barquinho para velejar
Somente uma casa e aquela fogueira
As chamas brilhavam como uma clareira
A areia cobria metade do sonho
E o céu traduzia com rosto risonho
Um amor de sertão guardado no peito
Apenas saudades que pega de jeito
Deixando no rosto um traço tristonho
Eu vejo esse amor em toda alvorada
Na chuva que chora de tanta paixão
No sol que abençoa o chão do sertão
No vaqueiro que trás a grande boiada
No frio que corre pela madrugada
Na estrada de barro que forma poeira
No aconchego quentinho de uma lareira
Na lua que joga pedaços de amor
No bater das asas de um beija-flor
Sugando o néctar no pé da roseira.
Amor de sertão tem cheiro de chuva
De solo bem seco e de terra molhada
De flores no campo e carroças na estrada
De poemas escritos em som de cordel
Feroz como a abelha que cria o mel
É o meu coração que bate ligeiro
Deixando sinais de amor verdadeiro
Apenas no brilho que tem meu olhar
Segredos perdidos sempre a navegar
Amor de sertão que vem por inteiro.
Aldinete Sales