Zombaria.
Um certo homem vestido
Com roupas esfarrapadas,
Pés descalços, barba grande,
Cabelos que não cortava
Era motivo de risos,
E todos dele zombavam.
Se vissem ele passando,
Um ficava em cada esquina
Começando a zombaria;
Um de lá dizia, água,
Outro dizia, limão, Açúcar,
De longe outro respondia.
O homem não tinha nome
Nem ente nem aderente,
Não tinha mãe, não tinha pai
Vivia ao leu sem destino,
Correndo pelas vielas
Um louco, sem desatino.
GARAPA! Seu apelido;
E disso ele não gostava,
E quando ouvia a sequência
Que os três meninos gritavam
O que tivesse na mão
Era a arma que ele usava.
Numa dessas investidas,
Sua ira extrapolou
A pedrada foi certeira,
E um dos meninos matou;
Era o filho do juiz
Que a sentença promulgou.
Garapa morreu no manicômio
Lugar de doido morar
E quem disse que ele era louco,
Ninguém conseguiu provar
O juiz perdeu seu filho,
Porque não soube criar.