O jardim das ilusões.

No jardim das ilusões

Pouca coisa se aproveita

Em geral desilusões

Condições jamais aceitas

Quase sempre acusações

No horário que se deita.

São ofensas proferidas

Com palavras perigosas

Quase sempre repetidas

De maneira afrontosa

Tornam a sorte ressentida

E a vida pesarosa.

Faz o lar ficar tristonho

Sem um brilho na janela

Um ambiente medonho

Preso sob uma gamela

E acaba com o sonho

De achar que a vida é bela.

Todo dia o clima é tenso

Ameaça e acusação,

Cada um faz mais intenso

Seu poder de agressão

Em geral falta bom senso

Sobra ofensa e discussão.

É um lar que nasceu morto

Só espera o enterrar

Um barco fora do porto

Á deriva em alto mar

Com o leme solto e torto

Nãoa consegue navegar.

Pro casal é sacrifício

Um ao outro suportar

Pra família é um suplicio

Ver alguém se odiar

Pros demais é um cilício

Aquilo tudo aturar.

Cada um fala consigo

Eu jamais vou perdoar

Sei que é meu inimigo

Quem comigo vai deitar

Vou procurar outro abrigo

E depois me separar.

Aí vêm as discussões

Sobre a divisão de bens

Depois as provocações

Sobre o que cada um tem

São comuns as agressões

Ninguém respeita ninguém

Se há filhos são usados

Pra fazer demagogia

Em geral são desprezados

Não conhecem a harmonia

E vendo os pais separados

Vão viver na anarquia.

A mulher pro pai comenta

Que o genro é namorador

Para a mãe ela argumenta

Que já não existe amor

E pros filhos salienta

Que o pai é o causador.

O marido, um sem família,

Tem mais uma obrigação

Põe a conta na planilha

Para calcular tostão

Quase nunca vê a filha

Mas tem de pagar pensão.

Quando a pensão atrasa

A cosia fica mais feia

Ele é procurado em casa

E levado pra cadeia

A mulher criando asa

Vai falar da vida alheia.

Vendo o filho descuidado

Vai pedir explicação

Constitui advogado

Pra fazer a revisão

E fica preocupado

Vendo a situação.

O seu filho tatuado

Fala gíria sem parar

Hoje está mal educado

Vive na porta do bar

E também fica drogado

Quando a mãe tenta acertar.

Depois de todo esse tempo

O casal vê que errou

Reconhece o contratempo

Que a separação gerou

Não tem mais o passatempo

Que do outro retirou.

Vem o arrependimento

Vendo o filho viciado

Vem o reconhecimento

Dos erros não reparados

Vem um novo casamento

Cada um com seu passado.

Vão tentar ver a saída

Para unir os corações

Ver a casa dividida

Por culpa das más paixões

E voltar pra nova vida

No jardim das ilusões.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 25/10/2018
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